tag:blogger.com,1999:blog-33316106496103543702024-03-24T22:31:30.270+01:00DIALOGE mit BüchernMy Library Fieldwork -
por Alecrides JahneAlecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.comBlogger307125tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-75619029962547217442024-03-24T22:30:00.005+01:002024-03-24T22:30:35.691+01:00"A feiticeira da Tempestade" de Osamu Tezuka - por alecrides jahne<p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCaxzWADpNF8EntufLx7HQjVPFy7bFxfPfmSMkrOxaDZW5SgCpPdZlxjndxTCFn0KZGa_vzq_ssn3FlKM3TgW4TYL-vBCJCFXtRF2heMjJwbsnyG5nYGjXXifKqrtQGtfv-SliBT22xgQ9cGTi5S78SZPCc2aL_KKS8iK2LDwt-pqhr0JbQQL8Sf6xYBw/s874/ozamu.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="653" data-original-width="874" height="299" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCaxzWADpNF8EntufLx7HQjVPFy7bFxfPfmSMkrOxaDZW5SgCpPdZlxjndxTCFn0KZGa_vzq_ssn3FlKM3TgW4TYL-vBCJCFXtRF2heMjJwbsnyG5nYGjXXifKqrtQGtfv-SliBT22xgQ9cGTi5S78SZPCc2aL_KKS8iK2LDwt-pqhr0JbQQL8Sf6xYBw/w400-h299/ozamu.png" width="400" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Voltei mais rápido que nunca, só pra passar e dizer que gostei demais desse mangá do mítico Osamu Tezuka.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Já tinha lido a adaptação que ele fez de "Crime e Castigo" do Dostoiévski e, claro, quem faz uma maravilha daquelas merece ser experimentado. Foi o que fiz.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Hakobe é filha de uma feiticeira - e, portanto, uma jovem feiticeira - que tem uma aparência bonita, um rosto belo como o de um anjo. Mas como isso é possível? É o que ela vai descobrir, após tentar ajudar a princesa Ruri, que é sequestrada quando tentam usurpar o reino de seu pai.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Disfarçada para poder investigar, Hakobe consegue encontrar aliados em sua busca, dois amigos de Ruri - que a hospedam em uma casa humilde e onde ela aprende a viver de forma simples. O jovem samurai e seu amigo pegam a estrada e, com a ajuda da jovem feiticeira, encontram Ruri e a resgatam.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Claro que isso é um resumo, do resumo, do resumo. Ahahaha!</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Fato é que detalhes dessa história me surpreenderam demais. E o final, então? Tezuka possui uma sensibilidade ímpar para reunir em uma pequena história romance, aventura e comédia.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Indico, principalmente para os iniciados no mangá como eu. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: right;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhccyrB1BWUKmXzKWfsvxj8DDhzKvnarT5nrJA5RKlS3tQumjgYdsrb3pYybduuN1_9O1j2ulKpQ9vkGJl0fQsQEyVOOMALzF8XDQkDDvsd6O9JgwByX1dpUyl3iOKVIaCUbReNWUkEWitiFZfsxyAP6nC4lVp1b_X_40yTHQSX4Flbor8d1ixnTNFrdlg/s215/QR-Code_alecrides.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="215" data-original-width="213" height="108" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhccyrB1BWUKmXzKWfsvxj8DDhzKvnarT5nrJA5RKlS3tQumjgYdsrb3pYybduuN1_9O1j2ulKpQ9vkGJl0fQsQEyVOOMALzF8XDQkDDvsd6O9JgwByX1dpUyl3iOKVIaCUbReNWUkEWitiFZfsxyAP6nC4lVp1b_X_40yTHQSX4Flbor8d1ixnTNFrdlg/w106-h108/QR-Code_alecrides.png" width="106" /></a> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: right;"><span style="font-size: x-small;">Utilize o QR-Code e me encontre nas redes sociais</span></div><br /><span style="font-family: courier;"><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></p>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-44235336344997931382024-03-18T14:07:00.004+01:002024-03-18T14:07:34.636+01:00"Convite à Física" de Yoav Ben-Dov - por alecrides jahne<span style="font-family: courier;">Vez por outra me perguntam o que ando fazendo por aí com livros de Física ou estudando coisas que nada parecem ter conexão com a minha área de formação.</span><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;">Minha nossa... quem liga? Fato é que estava num ciclo recorrente de tédio por causa da "mesmice" e resolvi partir pro ataque, sabe? Vou lá me aventurar em águas desconhecidas ("Piratas do Caribe: navegando em águas misteriosas", tipo isso) Ahahah!</span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;">Verdade seja dita: o ser humano precisa de estímulos. Alguns procuram isso na farra, na bebida, no sexo, nos esportes...existem formas autodestrutivas e formas construtivas de estimular o cérebro. E a Física e a Matemática são duas coisas maravilhosas para isso. As Ciências, no geral.</span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;">É aí que entra o livro do Yoav Ben-Dov. Não faço ideia de quem ele é, especificamente. Deveria, mas preferi centralizar minha concentração no que o livro propunha - ao invés de criticar o autor e analisar sua vida acadêmica antes de ler qualquer coisa que ele tenha escrito (coisa que aprendi na minha área de formação).</span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;">E eu gostei do estilo, da linguagem, do raciocínio, enfim, da forma de apresentar as questões históricas, metodológicas e conceituais da Física. Para quem é da área das Humanas é um livro excelente. Dá pra entender sem se desesperar com dificuldades conceituais porque ele explica com uma didática excelente.</span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;">Surpreendeu-me a fluidez da leitura e a capacidade que o autor possui de prender a atenção do leitor. Chegando a ser mesmo divertido e imaginativo como uma literatura de ficção científica. Alguns dirão que isso é um demérito. Pois eu não acho. E tenho certeza que seria uma excelente leitura para alunos de ensino médio - isso espantaria os fantasmas que as dificuldades enfrentadas em sala de aula sempre alimentam...</span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;">Passamos a vida inteira transformando a Ciência num bicho-papão e a matemática e a Física são os maiores demônios. Mas é preciso tirar essa capa, raspar a tinta que tem enganado tantas pessoas. Não é uma questão de aptidão (talvez e apenas), mas de falta de familiaridade. Quando você entra no ensino fundamental e começa a repetir para si mesmo: "isso é difícil, isso é muito difícil!" como não desenvolver um bloqueio?</span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;">Esse livro pode te desbloquear. Cuidado: não leia se quiser continuar prisioneiro.</span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;">Ahahaha!</span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYIKSgM5DzmGJwGd6MOpgLyJGrPaV5VWj2qYQJ5wG090ML-7e32Ex6nXHnlNX7j6BmDtRLRfcMBOXitgKHQR5ASxqJ_Z2Ee9plu9RchCaJ3gRFKHA0RoWVWxiAEnTX2E-ivUyAuBjho70gwOcYCyMjUre846mWUgh9bP5bnSk0msnwXufalNy-TDnrI2A/s718/ben%20dov.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="718" data-original-width="563" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYIKSgM5DzmGJwGd6MOpgLyJGrPaV5VWj2qYQJ5wG090ML-7e32Ex6nXHnlNX7j6BmDtRLRfcMBOXitgKHQR5ASxqJ_Z2Ee9plu9RchCaJ3gRFKHA0RoWVWxiAEnTX2E-ivUyAuBjho70gwOcYCyMjUre846mWUgh9bP5bnSk0msnwXufalNy-TDnrI2A/w502-h640/ben%20dov.png" width="502" /></a></div><br /><span style="font-family: courier;"><br /></span></div>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-19652058389110766442024-03-04T20:47:00.000+01:002024-03-04T20:47:02.592+01:00"As correntes no espaço" de Isaac Asimov - por alecrides jahne<p> <span style="font-family: courier;">Confesso que demorei pra terminar. É tanta leitura avulsa que fica difícil manter a leitura diária do mesmo livro... É isso aí, sou uma leitora desmantelada a esse ponto.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Enfim...ao que interessa.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Comentei duas leituras do Asimov aqui no blog: <a href="https://dialogoscomlivros.blogspot.com/2024/02/o-cair-da-noite-de-isaac-asimov-por.html" target="_blank">O cair da noite</a> e <a href="https://dialogoscomlivros.blogspot.com/2023/10/o-fim-da-eternidade-de-isaac-asimov-por.html" target="_blank">O fim da eternidade</a>. Também uma amostra de "Fundação". Resolvi iniciar esta última trilogia só depois de terminar a trilogia d"O império Galático". Que comecei lendo do último volume, pois não tinha muita ideia de quem era o primeiro. Aí me decidi a ler "As correntes no espaço" e percebi (ora veja!) que "Poeira de Estrelas" era, na verdade, o primeiro.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Oh, céus!</span></p><p><span style="font-family: courier;">E aqui estou, com a leitura do segundo, tendo iniciado o terceiro, seguido do primeiro, e lido o segundo pensando ser o primeiro.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Eu sei, tá pior que relacionamento de rapariga. AhAhAh!</span></p><p><span style="font-family: courier;">Fato é que não compreendi o que se passou mesmo no começo e me entediei com a história do carinha estranho que apareceu do nada nos campos de Florina, e vai trabalhar como nativo nas fábricas de Kyrt.</span></p><p><span style="font-family: courier;">E Kyrt não é um lugar, mas um tecido maravilhoso que só dá lá em Florina e por isso os nobres de Sark - um outro planeta que domina Florina por motivos que desconheço por não ter lido o primeiro livro... (oh, céus!)</span></p><p><span style="font-family: courier;">E ele é ridicularizado e chamado de idiota, e recebe proteção de uma nativa, Valona, cheia de complexos de inferioridade, com pouca instrução e uma pretensa inteligência não usada, que ela compensa com a força física. E ela se apega ao moço, que protege com boas intenções e pouca competência.</span></p><p><span style="font-family: courier;">E tem um tal citadino, Terens, que é um nativo, mas com certa competência de classe que usa a seu favor e é um pretenso bem feitor para os nativos e funcionários das fábricas. Pretenso... Fiquem de olho nele qse resolverem ler essa trilogia.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Fato é que só lá na última terça parte do livro que alguma coisa mais se desenrola - e acho que foi por isso que consegui terminar a leitura. E foi justamente quando algumas coisas me chamaram a atenção, que é a teoria usada por Asimov para explicar a criação de uma nova (há uma suposição de que Florina pode explodir em uma supernova): o que ele chama de correntes no espaço, que levam átomos que, em contato com o planeta, superaquece e culmina na explosão.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Claro que toda a disputa social e as questões de classe (nobres e proletários), dá uma boa discussão. Acho que até dá pra usar em aulas de Sociologia (acho mesmo). Por exemplo, o Kyrt é um tecido usado por nobres e comercializado em toda a Galáxia. Ele tem propriedades que nenhum tecido possui. Asimov até usa uma brincadeira pra ilustrar o poder social desse símbolo: "Você está muito kyrt!"</span></p><p><span style="font-family: courier;">É uma boa história, mas começando da segunda parte fica difícil concatenar ideias e comentar adequadamente. Acho que vai ficar para quando eu terminar a leitura do primeiro e conseguir compreender algumas coisas... (oh, céus!) AhAhAh.</span></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQLR2LAD9wSEXFSKrCOIpt4Tje38VU8BxBeTbDiF2gb0vTgpemL6HxIh6LIrqLT1flE_g4WvprhNugqVgagi3G87_kj6zQM6_gil2vWDcSgTzZ0xgKPQ5EN4Anq2dK1eyT1PsVPvcDPn6fcbP3r-ba6YmILoafzjBqYKiSTiFL1ACLdaeIXtvzyrNBmd4/s707/correntes%20no%20espa%C3%A7o.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="707" data-original-width="478" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQLR2LAD9wSEXFSKrCOIpt4Tje38VU8BxBeTbDiF2gb0vTgpemL6HxIh6LIrqLT1flE_g4WvprhNugqVgagi3G87_kj6zQM6_gil2vWDcSgTzZ0xgKPQ5EN4Anq2dK1eyT1PsVPvcDPn6fcbP3r-ba6YmILoafzjBqYKiSTiFL1ACLdaeIXtvzyrNBmd4/w432-h640/correntes%20no%20espa%C3%A7o.png" width="432" /></a></div><br /><span style="font-family: courier;"><br /></span><p></p>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-50875834463629058892024-02-09T19:52:00.006+01:002024-02-10T01:51:34.286+01:00"Vidas Secas" de Graciliano Ramos - por alecrides jahne<p style="text-align: right;"> <span style="font-family: georgia; font-size: medium;">"Como podiam os homens guardar tantas palavras? Era
impossível, ninguém conservaria tão grande soma de conhecimentos. Livres dos
nomes, as coisas ficavam distantes, misteriosas. Não tinham sido feitas por
gente. E os indivíduos que mexiam nelas cometiam imprudência. Vistas de longe,
eram bonitas.” (p.80)</span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">Os homens guardam muitas palavras, algumas que pensam
conhecer, outras que são tão estrangeiras quanto os mistérios do infinito.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">E mesmo assim, as palavras, algumas amadas e outras
companheiras, seguem no espírito humano as trajetórias da vida.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">“Vidas Secas” é uma das minhas leituras tardias. Daqueles
clássicos que todo mundo já ouviu falar, sabe qual é a história e tudo o mais,
só que nunca pegou o livro pra ler. É o meu caso. <a href="https://dialogoscomlivros.blogspot.com/2015/05/a-chuva-em-o-quinze-de-rachel-de.html" target="_blank">"O Quinze"</a> sempre foi a minha
referência primordial da literatura das Secas. Rachel de Queiroz me marcou
profundamente com a imagem do vaqueiro Vicente, inclinado na janela, recebendo
na cabeça a primeira chuva, depois da estiagem que castigou o sertão em 1915.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">Verdade seja dita: poucas pessoas se dispõem a se debruçar
sobre leituras pesadas e tristes. O sofrimento não fortalece a todos os
espíritos, por mais que vejamos inúmeras frases nas redes sociais repetindo que
a dor nos faz mais fortes. Em alguns casos, não.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">Para alguns, o sofrimento é ressecamento para a alma. Aprendi
isso, definitivamente, com a literatura da Shoah (ou, do Holocausto). Os campos
de concentração nazistas deixaram muitos espíritos prostrados. Corpos vivos e
almas mortas...<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">Em alguns, o dilema de ser na carne o que vai na alma é um
grande suplício que dura toda a vida. Em outros, a alma se parte. E existem
aqueles que mal se dão conta de que carregam uma fissura na alma.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">É o caso de Fabiano.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">“- Você é um bicho, Fabiano.”<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">“- Você é um bicho, Baleia.”<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">“- Você é um homem, Fabiano.”<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">Quem era Fabiano? Um cabra, um matuto, um bicho. Bicho não
fala, não conhece palavras. Um bicho não é nada.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">Fabiano é um ser com uma fissura na alma, debatendo-se no
seu papel de pai, de marido, de vaqueiro, de matuto...<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">Fabiano não sabe a que veio. Não sabe a que vai...<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">Fabiano apenas segue a trilha que deixaram antes dele,
enquanto sonha com palavras que nunca será capaz de pronunciar, porque, para
fazê-lo, teria que saber que é. E o que é?<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">E Fabiano ora é bicho, ora é homem, ora é só uma sombra...</span><span face="Arial, sans-serif"><o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal"><span style="line-height: 107%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; font-size: 14pt; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHlRXpo1JgRtE4hBb245nXP0SJPoqfDgEDDOOR1Pn_GiH5gFreSg0FiY6dcfAwNw3SGR9H6zUgRB_9rhDtzNqpT_JwqfLfENpnBM7lP2kXkg8f6mwUURsrL7s_9qmlvLd3uEMqFWWmLpdYXRQLvnfC6yNJoPcL_S69DFC9TBYt8aaoeh5ERGXju0rcloU/s1449/vidas%20secas.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1449" data-original-width="1103" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHlRXpo1JgRtE4hBb245nXP0SJPoqfDgEDDOOR1Pn_GiH5gFreSg0FiY6dcfAwNw3SGR9H6zUgRB_9rhDtzNqpT_JwqfLfENpnBM7lP2kXkg8f6mwUURsrL7s_9qmlvLd3uEMqFWWmLpdYXRQLvnfC6yNJoPcL_S69DFC9TBYt8aaoeh5ERGXju0rcloU/w488-h640/vidas%20secas.jpg" width="488" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">A edição utilizada foi da Editora Record (2023)</span></div><br /><span style="font-family: courier; font-size: 14pt;"><br /></span><p></p>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-25665577272346619422024-02-04T20:46:00.003+01:002024-02-04T20:46:39.041+01:00"O cair da noite" de Isaac Asimov - por alecrides jahne<p style="text-align: right;"> <span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt;">“Esses registros vão significar tudo para o próximo ciclo e
é isso que deve sobreviver. O resto pode ir se danar.”</span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">Acabei a leitura e fiquei me lembrando do meu livro “Terra
Sobralis”, onde um grupo de cientistas se reúne para pensar soluções ou
explicações para o surto de uma doença no sertão nordestino. Isso mesmo! Fiquei
fascinada que um escritor tão reconhecido tenha tido uma ideia similar.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">No caso do livro do Asimov, não é uma história longa e dá
pra ler no mesmo dia, de boa.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">Um grupo de cientistas se reúne para coletar as informações
finais necessárias para explicar um fenômeno que acontece a cada 2050 anos,
aproximadamente. Esse acontecimento tem um tom apocalíptico, porque faz a
humanidade regredir no tempo e eles não sabem exatamente o que causa isso.
Todas as hipóteses estão baseadas em um livro de um culto, chamado “O livro das
revelações” (qualquer semelhança é mera coincidência com o Apocalipse – e a
semelhança para aí mesmo, no significado do nome).<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">Acho que o autor quis ‘brincar’ com as questões religiosas,
usadas como pano de fundo para mobilizar as massas. Entretanto, isso fica
apenas no discurso, pois isso não tem nenhum protagonismo efetivo – ficando o culto
representado por um membro que se mete lá onde estão os cientistas, com a ideia
de quebrar um aparelho que será usado para a coleta das informações.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">No final das contas, Asimov mistura ciência – a Lei da
Gravitação Universal – e psicologia para explicar os fenômenos e a religião é
apenas um apêndice, um elemento jogado no caldeirão para explicar a reação das
pessoas diante da ‘Escuridão’.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">E a coisa interessante nisso mesmo é a tal ‘Escuridão’. O
que sente um ser humano quando é privado totalmente da luz? Esse é o mote. E no
final das contas, não me pareceu haver um elemento de perturbação mental
efetivo na história. O que chega mais próximo disso é o que ele propõe na
questão acima. Mesmo assim, a trama não me pareceu suficientemente emotiva para
causar qualquer repercussão mais profunda.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;">Ele deve ter escrito essa história numa sentada, talvez
depois de um pesadelo ou após ter visto alguma coisa sobre a lei da gravitação.
Não é uma história cheia de grandes reflexões, mas joga com um medo humano
primitivo: o medo da ‘Escuridão’.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: 14pt; line-height: 107%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRVTgiC1jClyv5CN8RnCG0wWDrIsgrPtk_WGHRFxAqmkGPq_QFc-OaZARuYzi5MMLQEgzRtEDUwIzjZRAjTQHh-6AW5mc64Y1YjO6GJeUuoljCagdfh1uH7sLNwdm5Qdb2J5rP59L9sAXgQ4J12amnIptkFDV3JQ4zXAV4csB7dIhGrKFZnWKmi5hfrfo/s518/asimov.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="518" data-original-width="388" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRVTgiC1jClyv5CN8RnCG0wWDrIsgrPtk_WGHRFxAqmkGPq_QFc-OaZARuYzi5MMLQEgzRtEDUwIzjZRAjTQHh-6AW5mc64Y1YjO6GJeUuoljCagdfh1uH7sLNwdm5Qdb2J5rP59L9sAXgQ4J12amnIptkFDV3JQ4zXAV4csB7dIhGrKFZnWKmi5hfrfo/w300-h400/asimov.png" width="300" /></a></div><br /><span style="font-family: courier;"><br /></span><p></p>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-83159635443547805782024-02-01T19:07:00.001+01:002024-02-01T19:07:26.115+01:00Dissociações: "Esta não é a minha voz" - por alecrides jahne<p><span style="font-family: courier;">Dia
desses um conhecido meu fez um comentário assim: isso é autodepreciação.</span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Explico.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">É
que desde a minha adolescência me sinto desconfortável ao ouvir a minha voz
gravada. E não há uma só vez que a escute que não me desgoste. Então, essa
pessoa entende a minha reação como sendo uma postura autodepreciativa. Natural.
Eu não gostar de ouvir a própria voz deve ser um indicativo que não gosto de
mim, ou de características minhas. Certo?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Errado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Há
um tempão, um amigo me disse que eu não me amava porque não tenho o interesse
em me produzir – do ponto de vista visual. Sabem, aquela coisa de se empetecar
pra sair por aí se “sentindo bonita”. Ele está certo?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Errado
também.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">O
que eu penso sobre isso? Nenhum dos dois se deu ao trabalho de perguntar.
Nenhum dos dois perguntou por que sou assim. Eles apenas apontaram o que
consideravam errado e deram a sentença: falta de amor próprio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">O
‘mundo’ sempre vai lhe dizer como você deve ser. Cabe a você se subjugar a isso
ou não... É o que penso. E acho que a maior parte das pessoas que ouve o canto
da sereia e se submete, é uma pessoa – como diz um professor meu – tentando suprir
carências. Todos temos carências, mas são as especificidades delas que nos
levam a cometer impropérios contra nós mesmos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">É
exatamente isso que me parece: impropérios. É uma indignidade se submeter ao
invés de analisar e buscar sus próprias respostas dentro de si. Mas é como diz
o sociólogo alemão Georg Simmel: “Denken tut weh”. Pensar dói. E dói porque a
realidade dói. Amaciar o ego e mentir para si mesmo é uma forma de fugir dessa
realidade e do sofrimento que o autoconhecimento vai proporcionar. É como
mergulhar no ácido e sair desfigurado. É o processo do coringa, só que lá tá
meio enviesado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">O
autoconhecimento não vai te jogar nos braços do seu lado ‘mau’. E também não
vai fazer de você a pessoa mais centrada do mundo, incapaz de falhar ou de
cometer um ato antiético. Só vai te mostrar o que você é capaz de fazer ou não,
ser ou não. E esse conhecimento nem sempre é algo fácil de aceitar. Em geral
não é.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Toda
essa discussão me faz lembrar da “zona cinzenta” discutida pelo escritor
italiano e sobrevivente do Holocausto, Primo Levi. Você acredita que é uma pessoa
boa, mas daí é capaz de cometer atos que reprovaria outrora, quando se encontra
em circunstâncias desfavoráveis... A real é que você nunca sabe exatamente do
que é capaz, até se deparar com a situação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Mas...
voltando à questão da voz.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">É
um problema que não é um problema. E nem é o que parece.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Li
uma vez – em algum lugar que não me lembro mais – que a voz que escutamos em
nossa cabeça não é a que as pessoas escutam. E é aí que está a grande questão:
o que escuto gravado não é a minha voz! Não é a voz que escuto dentro da minha
cabeça! E pior: não tem nada a ver.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">E
como eu fico diante disso?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Pensando
sobre aquela voz que ninguém nunca vai escutar... No que está dentro de mim que
ninguém será capaz de enxergar. Por isso, não importa a produção visual e o que
as pessoas pensam que vêm quando olham pra mim. Elas não me enxergam, não serão
capazes de enxergar. Existe uma personalidade incrustrada na minha alma, uma
forma que é só minha e que enxergo além do espelho. O som de uma voz que só eu
sou capaz de escutar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">E
é disso que se trata. Existe um ditado que diz que a pessoa na situação não
consegue enxergar o que a pessoa que tá de fora enxerga (muitos “que’s” na frase...).
Fato é: e o que te parece mais importante? A opinião corrente dos parâmetros e
réguas alheias, ou, aquilo que você realmente é capaz de vivenciar? A sua forma
de vivenciar algo está intimamente ligada às suas experiências de vida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Devemos
menosprezar a opinião alheia? Não estou dizendo isso, mas lembro da frase do
apóstolo Paulo “examinai tudo e retende o bem”. Nesse caso, percebo que a
opinião vinda de fora me afeta, porque esperamos sempre ser compreendidos pelas
pessoas próximas. Mas isso nem sempre – ou quase nunca – acontece. E isso nem
sempre significa que as pessoas não tentam compreender, não se importam ou têm
a intenção direta ou indireta de ofender.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">É
que todo mundo é meio míope e usa os óculos que conseguiu construir pra
enxergar a vida. E muitas vezes de forma inconsciente. Isso vale pra mim e pra
você.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Então...
Quanto aos meus conhecidos, suas opiniões são recebidas com gentileza, embora
não correspondam àquilo que eu entendo que seja a razão essencial da questão.</span><span style="font-family: Arial Rounded MT Bold, sans-serif;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p class="MsoNormal"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlYW6pr78r5pe-vwsP1Jbud9iYC-lqydHayVZlzirmhE0qRpjN5HyNAPN1oxfIrwxhRx0sdGp4FnXZYYaqIjPlhyphenhyphen8RPa5DVBo4HugH8kAutrNVmVPm9uuhw9W_9eC0JTFr0JE-VpUE6lrya7E1TqkSkzUdSCCaf0fEPXlOWJdextQoXkL3EYn0f3PuSFg/s2048/sorrir%20com%20os%20p%C3%A9s.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1362" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlYW6pr78r5pe-vwsP1Jbud9iYC-lqydHayVZlzirmhE0qRpjN5HyNAPN1oxfIrwxhRx0sdGp4FnXZYYaqIjPlhyphenhyphen8RPa5DVBo4HugH8kAutrNVmVPm9uuhw9W_9eC0JTFr0JE-VpUE6lrya7E1TqkSkzUdSCCaf0fEPXlOWJdextQoXkL3EYn0f3PuSFg/w426-h640/sorrir%20com%20os%20p%C3%A9s.jpg" width="426" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Foto: arquivo pessoal</span></div><br /><span style="font-family: courier;"><br /></span><p></p>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-24474336378420868442024-01-17T20:44:00.002+01:002024-01-17T20:44:17.030+01:00#Quando SENTIR pode ser uma grande confusão - por alecrides jahne<p><span style="font-family: courier;">Tem
dia que a vida segue normal, tranquila, e pensar sobre coisas ‘sérias’ parece
ser um pouco demais para a leveza do dia. Mas existem aqueles momentos em que
parece que o mundo vai desabar se você não se ocupar deles.</span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">É
o que acontece depois de uns dias de sentimentos intensos, às vezes amor, às
vezes raiva... E me pergunto de onde vem tanta obsessão. Aqueles dias em que
você parece ter um pensamento fixo como um ídolo obsceno sangrando sua mente,
minuto a minuto. E isso o deixa exausto como se passasse a noite na cama
fazendo sexo ou, numa perspectiva mais ascética, uma hora inteira correndo como
uma pessoa enlouquecida, precisando esquecer.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Mas
aí vêm aqueles dias...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Os
dias em que você não sente quase ou nada. ‘Sentir quase’ é aquela sombra de
emoções, aquela coisa perceptível e indefinida, uma ‘espetada’ na carne que não
passa de um grão de areia na pele suada, quando você sente, mas não sente
quando está concentrado em coisas maiores para o seu julgamento de prioridades.
Então, tudo é um pouco vazio, às vezes muito vazio.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">E
você não sente nada. Ao menos, acha que não sente ou não percebe que sente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">E
tudo parece mais importante do que o que tem da pele pra dentro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">O
que tem da pele pra dentro? Sei lá...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">É
uma crise cíclica. Uma vida de indecisões, num mar dentro de uma redoma. Um
“Show de Truman” ao seu redor. Uma tempestade encapsulada que vira calmaria de
tempos em tempos. E você sente que está aprisionado, mas que aquilo é a sua
vida e que precisa daquilo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">E
esta é a pior parte. Sentir que precisa das sacudidas, daquele risco de que
tudo vai acabar de uma vez, de uma hora pra outra. Isso desperta em você a
volta daquele estado de intensidade que faz reviver o desejo por algo, uma
coisa ou uma pessoa. E é só aí que você se sente vivo e capaz de se jogar num
sentimento e no turbilhão de emoções que a vida de verdade é.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Estar
vivo é o turbilhão, a intensidade. A calmaria, a quietude é uma pausa. É dar um
tempo. É um nada no meio do caminho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Mas
o que fazer quando acha que precisa disso para viver? Normalizar? Aceitar e
pavimentar o caminho para as fases cíclicas?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Ou,
criar uma estratégia para enxergar a intensidade nas fases de calmaria?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Sim,
é possível. Deve ser possível enxergar a intensidade naquele silêncio todo, na
segurança de que tudo está acoplado, encaixado, circulando azeitado como tem
que ser.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Tem
que ser?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">E
a vontade de correr que não sai de dentro?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">E
o peito que grita, clama por um furacão?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Não
existe furacão na calmaria, nem silêncio na tempestade. Mas você precisa dos
dois. E o que precisa além de tudo é enxergar que os dois estão aí dentro, no
mesmo lugar, ocupando o mesmo espaço, brotando do mesmo coração. Sua mente se
alimenta de um e libera o outro, alternadamente, como um ciclo do carbono. Fazendo
e desfazendo moléculas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">A
criação se retroalimenta, autoengendra. É senhora de si.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;">Isso
é você.</span><span style="font-family: Arial Rounded MT Bold, sans-serif;"><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p class="MsoNormal"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf654jQwEE28cnFMGgeS8pkP9f4_4QupMcYI4_mJlJCyqLvAZAa69ZYyU0R0pOBBjP2-ra3OFaRxQ1D7_vmnrmrrYXgjc9MGPe-39Xl5oGka27_S3a7LrDOj_-6VBvp2OSm2W8VuytDIlSZ3Rk5zTB8cpKXTPbqKyQxLYKnRhkf3zhaxuq11rd4rs9TOk/s1080/calmaria.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf654jQwEE28cnFMGgeS8pkP9f4_4QupMcYI4_mJlJCyqLvAZAa69ZYyU0R0pOBBjP2-ra3OFaRxQ1D7_vmnrmrrYXgjc9MGPe-39Xl5oGka27_S3a7LrDOj_-6VBvp2OSm2W8VuytDIlSZ3Rk5zTB8cpKXTPbqKyQxLYKnRhkf3zhaxuq11rd4rs9TOk/w400-h400/calmaria.jpg" width="400" /></a></div><br /><span style="font-family: courier;"><br /></span><p></p>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-38992166806679642392024-01-14T18:24:00.004+01:002024-01-14T18:24:45.944+01:00"Respire fundo" : uma reflexão sobre a depressão - por alecrides jahne<p><span style="font-family: courier;">Estava assistindo ao filme "Respire Fundo" e fazia anotações enquanto passavam as cenas.</span></p><p><span style="font-family: courier;">É a primeira vez que vejo um filme tratar a depressão com intensidade e clareza, do ponto de vista de quem sofre e evidenciando as frases e atitudes das pessoas que convivem com o depressivo.</span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>Uma das coisas que ficou evidente é que tem pessoas que não vão te deixar esquecer que você fez algo que as afetou</b>. Elas não te deixarão esquecer que não te perdoaram e querem te ver sofrendo por isso, porque um sorriso seu é como um ultraje ao sofrimento delas. Isso as faz te agredirem mais e mais. Vão aumentar os ataques de forma intensa e em quantidade suficiente para serem uma presença constante. </span></p><p><span style="font-family: courier;">É tipo isso... Te punem por sofrer e fazê-las sofrer.</span></p><p><span style="font-family: courier;">As pessoas precisam entender que todo mundo sofre e que <b>sofrer não é vergonhoso</b> - esconder isso e atacar os outros por te dizerem que não está bem é outro elemento problemático da equação (você precisa saber se a pessoa que te acusa o faz porque quer incutir na sua cabeça ideias ruins ou, sendo uma pessoa que te ama, está realmente preocupado e percebendo algo). Ninguém precisa se punir por resto da vida por um período de tristeza, confusão ou dúvidas. Não precisa. Repita isso para si mesmo.</span></p><p><span style="font-family: courier;">E menos ainda, achar que é digno de pena e não de amor. <b>Ser amado não é um privilégio de pessoas perfeitas.</b> Saiba que o amor, quando mais é dado, mais se recebe. Mas entenda que a intensidade do amor não tem nada a ver com espetacularização de romantismo. O amor é intenso nos menores gestos.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Quando se está depressivo, ou muito triste, é normal ficar sensível; e quase sempre é fácil achar que a reação objetiva das pessoas tem a ver com insensibilidade, ou mesmo indiferença pelo seu estado. <b>Nem sempre tem a ver com você </b>- tente se lembrar disso e observe.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Sabe, às vezes tudo o que você precisa é ficar sentado, quieto, num canto, sozinho. Sente e espere um pouco. Espere até o coração desacelerar e as coisas ficarem minimamente claras. Se tiver alguém para conversar, converse.</span></p><p><span style="font-family: courier;">E lembre: não tem problema se algumas pessoas não quiserem lidar com o que está acontecendo com você. Algumas vão se afastar - e não tem nada a ver com o que você merece ou não! - é porque pode ser demais para alguns... Não deixe que isso o impeça de admitir que não está bem. <b>Negar sempre vai adiar a cura.</b></span></p><p><span style="font-family: courier;"><b>Deixe que as pessoas lidem com isso no tempo delas e se permita ir no seu tempo.</b> Não se culpe por isso. Algumas coisas demoram mesmo... Mas <b>deixe os canais abertos</b>. As pessoas que sofrem às vezes só querem ficar sozinhas, pra aliviar e deixar os sentimentos escorrerem; mas não significam que não querem a presença de alguém. Elas precisam saber que tem alguém ali que se importa e que tem um gesto de carinho e acolhimento em quem está perto.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Mas <b>às vezes é fácil esquecer que quem está perto e parece estar insensível pode, na verdade, estar tentando suportar a si mesma</b>, lidando com seus próprios monstros e tentando não sucumbir. E fazendo aquilo que os negadores fazem: escondendo, negando a dor e, consequentemente, se afastando da cura. E se essas pessoas que estão à sua volta, doloridas e escondidas, agem com agressividade muitas vezes, é porque sentem que se ninguém as está acolhendo, elas não precisam de despedaçar para acolher a dor de outra pessoa.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Elas também querem sobreviver à própria dor. Mesmo quando se trata de pessoas que amam, para alguns, pode ser insuportável ter que lidar com mais dor, quando se precisa de um ombro amigo.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Mas isso não significa que não exista amor. Elas amam você, você as ama. E a dor impede que se enxergue a possibilidade de ajuda mútua.</span></p><p><span style="font-family: courier;">As pessoas podem amar você, com todos os seus defeitos. <b>Coisas ruins acontecem no mundo e não é culpa sua. </b>Nem tudo tem a ver com você ou é consequência das suas palavras ou atitudes. Se pensar na rede de relações das pessoas, verá que é mais um ponto no universo repleto de pontos...</span></p><p><span style="font-family: courier;">E, por mais que você não seja perfeito - e talvez por isso mesmo! - <b>sempre vai ter alguém que precisa exatamente do que você é</b>. E você merece se sentir feliz. Nem todo mundo se sente feliz o tempo todo, mas todo mundo coleciona cápsulas de felicidade e você merece ter as suas.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Não tem só coisa boa no mundo (que imenso clichê!) e por mais que você deseje, não tem como proporcionar às pessoas que ama uma redoma, um mundo repleto de felicidade o tempo todo. Mas saiba que, só por desejar, já dá ao mundo uma energia boa.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Algumas pessoas são frágeis como bolhas de sabão, mas não significa que o amor delas não é forte o bastante. <b>Todo amor sincero é forte o suficiente.</b></span></p><p><span style="font-family: courier;">E não se preocupe em não conseguir proteger quem você ama. Existem forças no universo que fazem com que o mundo funcione. Tudo sempre funciona e vai continuar funcionando. Seja apenas você mesmo, porque isso faz parte do funcionamento do mundo. <b>E o mundo precisa de você exatamente como é</b>, embora seja difícil perceber e sentir isso.</span></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEih9ynj1Vf7Z4EMWnQMpX4pbaMIUBVnJzOi0kxe3bolVViBFO98Lxxo7sQ5RvBPdnu5F8OIf6nG9Jkeo4XSVX_zlaYz6XCcxILZ3QuaiQ3piDKG9AGSXKVm6LQX61ct77SNneqFyvVqPn3NJoLcZ9czgeXRToiRBewTOSPa4fuTUVyCLjR2kKZrPV9K45o/s1080/respire%20fundo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="837" data-original-width="1080" height="310" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEih9ynj1Vf7Z4EMWnQMpX4pbaMIUBVnJzOi0kxe3bolVViBFO98Lxxo7sQ5RvBPdnu5F8OIf6nG9Jkeo4XSVX_zlaYz6XCcxILZ3QuaiQ3piDKG9AGSXKVm6LQX61ct77SNneqFyvVqPn3NJoLcZ9czgeXRToiRBewTOSPa4fuTUVyCLjR2kKZrPV9K45o/w400-h310/respire%20fundo.jpg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Filme disponível na Amazon Prime</span></div><br /><span style="font-family: courier;"><br /></span><p></p>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-17513620851452917612024-01-04T19:05:00.002+01:002024-01-04T19:36:36.033+01:00Dissociações: "o reflexo da dor" - por alecrides jahne<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">É possível amar cicatrizes?</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">As marcas que as pessoas carregam e consideram feias, podem ser amadas? As cicatrizes guardam segredos, vergonhas, traumas, momentos de desespero e dor. Muita dor.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Às vezes me pergunto se a maior prova de amor que existe é quando até as terríveis marcas são amadas, tanto quanto as boas qualidades. "Amor incondicional, só o de mãe", dirão. As mães que me perdoem, mas isso é apenas um clichê, não uma regra que pode ser generalizada. Infelizmente.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">O sino da igreja marcou cinco badaladas e o sol se vai nesse confuso dia de natal. Sim, escrevo no natal, sozinha, no silêncio do vento nas árvores, contando os dias para acabar o ano. Como se a contagem apressasse o futuro; ou, talvez o retarde. Mas ele chega, independentemente dos meus sentidos confusos.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Não estou triste, vejo o que resta do sol ir-se lentamente, como se bocejasse.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">É possível amar a dor? Não a dor em si, mas o que ela carrega consigo.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Poucos conseguem amar a dor e ver nela alguma coisa boa. Talvez as pessoas que alcançam esse feito sejam iluminadas, ou apenas entenderam o significado da vida. É possível que só então sejamos capazes de amar feridas. Ou amar os feridos.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Eis um exercício de Sísifo: amar os feridos quando você é um. Incompreendido, solitário, feliz por estar vivo, ainda que preocupado se é capaz de viver. E o que dirá sobreviver. Esta parte do problema é quando você quer que lembrem de você depois de sua partida. Não tem como saber.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Fato é que existem os loucos que desejam viver além de suas existências corpóreas. Lembro de que li em algum lugar: as pessoas não têm medo da morte, mas de serem esquecidas...</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Eis aí uma fobia inexplicável. Por que isso faria qualquer diferença se você não sentiria? Está morto e distante da realidade. O que é pior: a distância da realidade na morte, ou a distância de si mesmo em vida?</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">É um dilema em si mesmo de distante compreensão.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Você pode viver plenamente nas pequenas coisas. Deixar o seu legado ao se entregar inteiro nas minúcias que passam despercebidas. Fazer uma comida preferida para alguém que ama. Um gesto de afeto.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Nem sempre fazemos o que queremos, mas temos que querer ir em frente. Não existe escolha; quando se trata de Tempo, nunca existe escolha. E a vida é isso: Tempo.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Só nos resta fazer dele o aliado mais fiel, nosso camarada, parceiro, amigo, a saída, a certeza de que tudo pode e vai ser diferente. Porque vai mesmo.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">"Gam ze iavoor", isto também passará.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Gostamos de pensar isso sobre a dor, a tristeza, a doença, o desânimo, a falta. O ser humano quer ter esperança, mesmo que não seja capaz de sentir. A vida precisa ter significado.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Encontramos justificativas para tudo e queremos que a dor tenha justificativa e até mesmo sentido. Precisa levar a algo, precisa acrescentar algo, exorcizar, recriar, renovar, refazer, fazer nascer um mundo novo dentro da alma.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Queremos expurgar o que somos incapazes de controlar com a certeza da mudança. Mas isso tem um sentido mesmo biológico de ser: nossas próprias células já não são mais. Estamos sempre renascendo, até o dia em que o coração para de bater. E renascemos na outra vida, do outro lado, para viver outros mistérios, outras esperanças.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">E olhar para o horizonte não seria esse eterno desejo pelo outro lado?</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">E é a dor que nos move, sacode, empurra, arrasta, obriga a levantar.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Caminhe!</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Céus! Quem não gostaria de ser dela um completo desconhecido? No entanto, para alguns, ela é uma companhia silenciosa, parte essencial da vida ao qual nos habituamos e que sentimos falta, no momento em que a ignoramos...</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Quando sentirei dor novamente? É quase um grito de saudade.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Ande com pessoas que mantenham os olhos no lugar certo, no céu, no avião acima dos prédios...</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Dor talvez seja, apenas, energia em ebulição - um rearranjo de sentidos.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9q_yoBVr80_z0Fi8tsPntTM2n14E-1OvqcB-aCPyfZac69GRnuMDL_pKzrpFBl0wdtYRcXXEB_-eIA1g7FP_a8DdiJxK0UfI8dIW8dYTyAe2T0EjYPsnW7NsucNabefMaY7eFDTSQJIRzJLYwaNElvyfbr-EZr2sNCTmyTuGHnA2X86SjY0aAafpQwnw/s1235/reflexo.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1235" data-original-width="1080" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9q_yoBVr80_z0Fi8tsPntTM2n14E-1OvqcB-aCPyfZac69GRnuMDL_pKzrpFBl0wdtYRcXXEB_-eIA1g7FP_a8DdiJxK0UfI8dIW8dYTyAe2T0EjYPsnW7NsucNabefMaY7eFDTSQJIRzJLYwaNElvyfbr-EZr2sNCTmyTuGHnA2X86SjY0aAafpQwnw/w350-h400/reflexo.jpg" width="350" /></a></div><br /> <p></p>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-76920565045085593352023-10-11T00:20:00.003+02:002023-10-11T00:20:46.442+02:00"Fundação" Isaac Asimov - alecrides jahne<p style="text-align: justify;"> <span style="font-family: courier;">Esse comentário é mais um <i>intermezzo</i> mesmo... Sabe, quando você está conhecendo um autor novo e ele meio que desperta uma coisa que não parecia fazer sentido. Não quero ofender leitores da literatura fantástica no estilo do C.S. Lewis e do Tolkien (tenho uns amigos que me darão uns bofetes se lerem isso! ahahah!), mas percebi que não sou muito fã desse tipo de mundo imaginário.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">É que eu não consigo imaginar dragões, fadas e monstros. Simplesmente não consigo. Quem sabe um dia.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Mas o Asimov... Consigo visualizar os espaços que ele descreve de uma forma tão simples! Após terminar a leitura de <a href="https://dialogoscomlivros.blogspot.com/2023/10/o-fim-da-eternidade-de-isaac-asimov-por.html" target="_blank">"O fim da eternidade"</a>, resolvi dar uma olhada nas obras do autor. A trilogia "Fundação" apareceu como fundamental, junto com "Império Galáctico: ascenção e queda". Peguei uma amostra em eBook da "Fundação" e li. Eu gostei. Estou a mil na ideia de ler o restante.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">É que me pareceu uma coisa meio louca, essa de pegar cem mil pessoas e jogar num planeta no final dos limites do Império. Claro que o planeta se chama Terminus. Claro! Ahahahah! </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">É que um matemático vai se juntar a um grupo de pesquisadores de um projeto de um estranho pesquisador e especialista em 'psico-história', um tal de Hari Seldon - ou o "grande" Hari Seldon, que faz previsões catastróficas e sempre certeiras! Ahahaha!</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Claro que isso meteu medo em meio mundo de políticos (sempre os políticos...) e resultou no exílio daquela galera.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Estou dando spoilers, mas devem lembrar de que eu também não li tudo, então isso aqui é quase nada do que deve ter nas trocentas milipáginas que devem ter essa obra.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Espero ler tudo em breve. Mas me meti a ler "Pedra no céu", que devo comentar por aqui em breve. E sim, estou curtindo 'pacas' (pra caramba, muito, um bocadão). Ahahaha!</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGMYF6by7D5n0t049snwD4g0xfVJ1ksqsWDFrSIlaAQM2v8L104Bk1opnaKm4ej34Ca8noezxFVPtqmf99CTnVHBfkp8nFp7IXs19CqpGEkKkJFRFbItkAy8bdwBXJAmb2D6IojO2pD5gVWF0nbmQhSFbLMG4mqFsnJ7W_kkxVfObLaH8BcZpI7Gc-DvM/s609/funda%C3%A7%C3%A3o.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="463" data-original-width="609" height="304" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGMYF6by7D5n0t049snwD4g0xfVJ1ksqsWDFrSIlaAQM2v8L104Bk1opnaKm4ej34Ca8noezxFVPtqmf99CTnVHBfkp8nFp7IXs19CqpGEkKkJFRFbItkAy8bdwBXJAmb2D6IojO2pD5gVWF0nbmQhSFbLMG4mqFsnJ7W_kkxVfObLaH8BcZpI7Gc-DvM/w400-h304/funda%C3%A7%C3%A3o.png" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Leia uma pequena biografia do autor disponível no <a href="https://www.lpm-editores.com.br/site/default.asp?TroncoID=805135&SecaoID=0&SubsecaoID=0&Template=../livros/layout_autor.asp&AutorID=835094" target="_blank">site da L&PM</a></div><br /><span style="font-family: courier;"><br /></span><p></p>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-83044312007281629062023-10-03T22:08:00.006+02:002023-10-03T22:18:48.971+02:00"O fim da eternidade" de Isaac Asimov - por alecrides jahne<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Fiquei na maior animação com aquela coisa "Ah! Meu primeiro livro de ficção científica!"</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Que nada!</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Júlio Verne que me perdoe por ter esquecido dele, com toda essa animação. Verdade seja dita: eu fui fã de Verne na adolescência; claro, de todos os livros dele que pude ler, que foram poucos. Como muitos adolescentes e jovens desse Brasil de meu Deus, não tive acesso a tantos livros assim...</span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiILuniqXy0yZZdUJjzjAfSqxLJM6LuS3Le-CHPX8BWgQ8MC_kWxJzf0HL4X3m3xIGScrL-EWIlIrAT3Co2m3ugHD1CY1ECz1W0XLxdNsJUC_kKltU2TkV9bkXBBrxn4taS2RXzHQiAahyiQvkfnTDjOQa-5sbCYfmx2Wgjr10YJhUGhosBwKXAFgW-ClE/s575/asimov_blog.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="323" data-original-width="575" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiILuniqXy0yZZdUJjzjAfSqxLJM6LuS3Le-CHPX8BWgQ8MC_kWxJzf0HL4X3m3xIGScrL-EWIlIrAT3Co2m3ugHD1CY1ECz1W0XLxdNsJUC_kKltU2TkV9bkXBBrxn4taS2RXzHQiAahyiQvkfnTDjOQa-5sbCYfmx2Wgjr10YJhUGhosBwKXAFgW-ClE/w400-h225/asimov_blog.jpeg" width="400" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Fato é que Isaac Asimov, um escritor norte-americano - só que russo! Ahahaha! Considerado um dos grandes da literatura de ficção científica. Não tenho um paladar favorável a escritores norte-americanos e estava achando estranho gostar da escrita fluida do Asimov.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Agora tá explicado, né? Ahahahah! Gosto do sabor da literatura russa.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Se você não curte spoilers, acho melhor não ler os comentários. Mas adianto que a leitura é rápida e você nem vai ver o tempo passar. Ahahaha! Sim... foi uma piada.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Verdade seja dita: é ficção científica, mas senti gosto de romance insosso. É que tem um casal lá sem química aparente e a garota não me pareceu ter muita personalidade.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Vamos às figurinhas da história:</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">O herói - Andrew Harlan, o técnico, cara jovem, sisudo, focado no trabalho que se apaixona pela garota e perde as estribeiras. Típico. (Isso meio que me faz perder a fé nos homens... tadinhos - mas eu gosto deles - tadinhos, Ahahaha!)</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">O chefe protetor - Computador Sênior Twissel, fumante, misterioso, sério e dedicado ao trabalho.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">O chefe cretino - Finge, também computador, mas aspirante a ser qualquer coisa melhor, capaz de tramóias.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">E por fim, a garota, Nöys, que aparece misteriosamente, chama a atenção do herói pela sua aparência e que na primeira oportunidade se joga em cima do cara... Mais clichê impossível.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">E você me pergunta: como conseguiu ler isso? A trama envolvendo o Tempo, a viagem no Tempo e a forma de manipular o Tempo. Ainda bem que o autor se concentrou na trama científica e não no besteirol romântico, porque depois que Harlan vai pra cama com a garota, tudo o que ele faz é uma avalanche de burrice.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Ele é técnico e o seu trabalho é fazer pequenas sugestões de mudanças na linha do tempo, com base em cálculos matemáticos. Essas sugestões são analisadas pelo "Computador" e depois, caso aprovadas, efetivadas. Só que Harlan se destaca por suas idiossincrasias - o que me fez pensar que ele seria muito inteligente; até ficar obcecado pela garota e ficar fazendo um monte de bobagens pra tentar ficar com ela. Não, não sou romântica ao ponto de achar isso lindo. É ridículo.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Depois disso a trama se desenrola como uma conspiração de Finge contra Harlan, na opinião deste e aí, lá nos capítulos finais Twissel joga na cara do Harlan que ele é um imbecil. Eu ri com gosto na hora.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Achei muito legal a mistura da matemática com as viagens no Tempo. A forma como elas se dão e o fato de ser uma coisa mais fluida, e não algo complicado demais. Só que tem aquele antigo problema: o que acontece, quando você encontra consigo mesmo em algum momento?</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">É que os chamados "eternos" - o pessoal que maneja a linha do Tempo, viajam dentro de uma espécie de espaço fora do Tempo - a Eternidade. É assim que se locomovem e fazem seu trabalho. É como um grande governo Temporal. É claro que existem problemas, e, a quebra de protocolo do técnico Harlan é que vai bagunçar o trabalho de equilibrar a linha temporal.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Sim, eles acabam com a Eternidade, mas isso eu deixo pra vocês descobrirem. É claro! Ahahaha!</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiL_TIqeWr-oyN2PdIdxXJdtS4r89HEtrG_SyqX1tX2k9XsO8D38vJdLECsSwLE7994e0iU9QQ88iI-kLOw-pn3vR5SJBNT7IS-x7HdI5sv_JJ0n8JxfugOhxYGORAhOTiYToPZEhysnkTXzXjilIjrhBgNmtue5XA3HDD-VMnwd-CJUNeAidzFBPxwbio/s1923/capa_isaac%20asimov.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1923" data-original-width="1280" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiL_TIqeWr-oyN2PdIdxXJdtS4r89HEtrG_SyqX1tX2k9XsO8D38vJdLECsSwLE7994e0iU9QQ88iI-kLOw-pn3vR5SJBNT7IS-x7HdI5sv_JJ0n8JxfugOhxYGORAhOTiYToPZEhysnkTXzXjilIjrhBgNmtue5XA3HDD-VMnwd-CJUNeAidzFBPxwbio/w426-h640/capa_isaac%20asimov.jpg" width="426" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Fonte da imagem: internet</span></div><br /><span style="font-family: courier;"><br /></span><p></p>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-41367935884066660652023-08-22T02:06:00.002+02:002023-08-22T14:37:20.737+02:00Paredes de vidro - por alecrides jahne A sensação é a de que existem paredes de vidro ao meu redor. Eu vejo o outro lado, vejo o caminho, mas não consigo ir em frente...<div><br></div><div>É assim que me sinto.</div><div><br></div><div>Você vê o mundo ao seu redor, vê as pessoas fazendo as coisas, até sabe como fazer, mas não consegue. Você não consegue chegar lá e não entende o porquê. E aí fica se debatendo, se esforçando, se mutilando, se culpando.</div><div><br></div><div>E você chora. E fica triste. E se deprime. Até desenvolve traumas.</div><div><br></div><div>Você quer ser igual aos outros - é sempre com essa generalização que começamos a nos distinguir das pessoas ao nosso redor - mas sente que não consegue. Talvez nunca chegue lá.</div><div><br></div><div>E as pessoas te cobram por isso, insistem, censuram, criticam, desaprovam, humilham e zombam... Então você é discriminado, vilipendiado e definitivamente isolado.</div><div><br></div><div>Porque você não é igual.</div><div><br></div><div>Você demora pra entender. Você se esforçou tanto... Deu tudo de si, se importou, se preocupou, passou noites acordado pensando numa solução. Esteve disponível, disposto... Até ensaiou na frente do espelho como parecer mais simpático.</div><div><br></div><div>Mas a parede de vidro estava lá.</div><div><br></div><div>Enquanto você não tiver consciência dela, ela vai provocar esses efeitos na sua vida sem que você consiga se defender.</div><div><br></div><div>Mas ela precisa mesmo ser um inimigo invisível? Não poderia ser uma blindagem invisível?</div><div><br></div><div>Se tem uma coisa que não deixa você fazer tudo igual a todo mundo é a parede de vidro.</div><div><br></div><div>Você passa anos da sua vida resistindo à imposição alheia porque sente que não quer, de fato, promover as mudanças "sugeridas". As pessoas sempre acham que estão sugerindo, mesmo com todo o desconforto que provocam. E muitas vezes nem é por mal...</div><div><br></div><div>E, por mais doloroso que seja todo esse processo, aos poucos você vai se enxergando nos detalhes, em cada mania que percebe tomar forma e se enraizar. Mas isso é depois de um tempo, porque no começo tudo "passa batido", e você se pergunta de onde veio aquilo, mas já se adaptou e até começou a gostar.</div><div><br></div><div>E faz de novo e de novo...</div><div><br></div><div>E tem as manias incômodas. Checar coisas de novo, seguir o ritual do banho ou não sente que tomou banho de forma adequada. E se no dia falta alguma coisa que sempre come, fica aquela agonia. Ou aquelas coisa engasgada na garganta que você sabe que pode causar problema se falar, mas sente que tem que falar. Depois fica com vergonha porque falou, mas aí já é tarde...</div><div><br></div><div>E aí a censura alheia acaba se juntando à autocensura e ao consequente sofrimento. E você sabe que vai sofrer e já espera ansiosamente por isso...</div><div><br></div><div>O que fazer? Sucumbir? Aceitar? Tentar se adaptar ignorando o grito abafado lá no fundo da sua consciência? É essa a melhor coisa a fazer ou você só caminha para isso porque acha que não tem escolha?</div><div><br></div><div>Isso dói. Pensar dói. "Denken tut weh" já dizia Georg Simmel.</div><div><br></div><div>O autoconhecimento e a escuta da voz interior não seria uma boa opção?</div><div><br></div><div>Às vezes estamos tão sós que tudo o que vemos é a censura e a pressão externa. E a interna que resulta do conflito em que mergulhamos. Autoconhecimento é fundamental para todos, não é mesmo? Precisamos conhecer aquela pessoinha que temos lá no fundo e ouvir a voz que ela emite com sussurros quase inaudíveis.</div><div><br></div><div>Do contrário, como saberemos que encontramos nosso próprio caminho? E como seremos capazes de usar o que temos ao nosso redor para prosseguir? É preciso caminhar, ir em frente, com ânimo ou não, com um sorriso ou uma ruga de preocupação, olhar pra frente levando o que é vital para seguir no caminho.</div><div><br></div><div>Afinal, depois de todas essas palavras fica o básico: somos todos diferentes e estamos em busca do nosso próprio caminho.</div><div><br></div><div>Esse é o meu mundo. Bem vindo ao meu mundo. </div><div><br><div class="separator"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgY5gmPG7L3ypV-VFrSi5NL12t-Gr1SFMz9b80GAAhmwUzxAZHcrTFMEhxF-M_VUdDFKXOq5ts6O0i3DW7_h7oE-jHKTKK1dUjynzPtciSNpODHcQPsIxe1kS0gw9z-iYZPCbfzcFVI_7D4hT8n6J9BaOBp9JXwhTcx_JpXCEVeUTY1QDvh6Jc_rAg82c4" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgY5gmPG7L3ypV-VFrSi5NL12t-Gr1SFMz9b80GAAhmwUzxAZHcrTFMEhxF-M_VUdDFKXOq5ts6O0i3DW7_h7oE-jHKTKK1dUjynzPtciSNpODHcQPsIxe1kS0gw9z-iYZPCbfzcFVI_7D4hT8n6J9BaOBp9JXwhTcx_JpXCEVeUTY1QDvh6Jc_rAg82c4" width="400"></a></div></div><div><br></div><div><br></div><div><div><br></div><div>Não vou chamar esse texto de crônica. Mas será o primeiro de vários, muito provavelmente.</div></div><div><br></div><div>#autismo #tea</div><div><br></div><div><br></div>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-40822305278892241932023-04-25T17:19:00.001+02:002023-05-09T02:50:54.915+02:00Dissociações: "estação" - por alecrides jahne <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEipcqGWJlHt_tJI_Gjy-nPYhTSwe0u2hlXlxUq3qG_KwoTWbyh6IIsGCgSCBP0gI1gjNf0r6QIF1jOOeeR-ivD-Px2rrTZJjn6IcNZKEKylMMkkRaZKJXKx5qr01M_Etg1ypnS-0KlOcOZ8HGFYo48ophNKzQZ-wjEMmkuhFFNogtmjRJV10Yi-Vhw7" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEipcqGWJlHt_tJI_Gjy-nPYhTSwe0u2hlXlxUq3qG_KwoTWbyh6IIsGCgSCBP0gI1gjNf0r6QIF1jOOeeR-ivD-Px2rrTZJjn6IcNZKEKylMMkkRaZKJXKx5qr01M_Etg1ypnS-0KlOcOZ8HGFYo48ophNKzQZ-wjEMmkuhFFNogtmjRJV10Yi-Vhw7" width="400">
</a>
</div><div><br></div><div>Vi, no metrô, uma menina apontar o dedo na cara de um menino para dizer que ele não poderia apontar o dedo para uma mulher. Isso foi extremamente confuso pra mim...</div><div>Dias depois, vejo uma guria que parecia ter saído da década de 1980: moletom de listras grandes e cores vibrantes, aquela calça sem Lycra, reta e meio desbotada e o bom e velho Allstar, que parece nunca sair de moda.</div><div><br></div><div>E agora estou aqui na estação, esperando um metrô que precisa fazer sei lá quantas voltas antes que eu possa embarcar. Tenho na mochila um contrabando alimentar: uma coxinha que não posso comer, mas desejo e comprei mesmo assim. Ainda por cima, o cheiro de frango assado no bar da esquina aumenta a minha vontade de voltar pra casa.</div><div><br></div><div>A buzina ensurdecedora anuncia o trem. Não o metrô, mas o trem com seus vagões sujos e depredados. Num deles tem um jardim de mato...</div><div><br></div><div>É interessante e tedioso estar sentada aqui como se não tivesse nada de importante para fazer. E eu preferia estar em casa com um livro nas mãos e o tempo infinito na mente e no meu coração.</div><div><br></div><div>O fato é que a vida parece uma complicação quando pensamos demais sobre o que devemos fazer, quais rumos tomar etc. Mas ela é mesmo extremamente simples quando paramos de tentar controlar tudo, decidir todo o futuro - meu Deus! Como se ele já estivesse certo! - e nos colocamos aqui no presente.</div><div><br></div><div>Com toda a humildade que a atitude exige, respiramos profundamente e olhamos para o horizonte, cônscios da distância que nos separa e que o caminho a percorrer é, de fato, longo.</div><div><br></div><div>É aqui que distância e tempo são equivalentes.</div><div><br></div><div>Acho que não sentimos porque estamos sempre, quase sempre, inconscientes disso. É como pensar na finitude da vida. Nunca pensamos, ou, quase nunca. Para alguns, é porque dói. Para outros, é perda de tempo, desperdício de energia mental, desnecessário...</div><div><br></div><div>Tenho procurado respostas no próprio movimento da vida... Alguém realmente sentirá a minha falta? Em algum lugar desse vasto mundo haverá um pensamento em minha direção? Não sei... Também não sei se algum dia estarei pronta para este mundo. Mas é certo que nunca estive.</div><div><br></div><div>Tem um arbusto com flores brancas que sempre observo. Eu o acho aqui e ali, esporadicamente. Eles me lembram de um sonho. Não algo que desejei, mas que veio para mim no sono noturno. E eu o procurei durante muito tempo.</div><div><br></div><div>Então decidi que já tinha percorrido uma longa estrada e já estava na hora de voltar os olhos para outros lugares e esperar que me mostrassem algo novo. É nesse lugar de passagem que me encontro, um lugar de encontro de mundos, onde eles se aproximam e não se tocam, inconscientes uns dos outros, enquanto se olham nos olhos...</div><div><br></div><div>E eu espero para, quem sabe, descer na próxima estação.</div>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-44951580617891554842023-04-19T19:55:00.001+02:002023-04-19T19:55:58.057+02:00Dissociações: "lugares" - por alecrides jahne <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiERUsedEUWuSgdRiMOgwszacGQBmjIhu_3ytVQkAb_dofQvgdKwPlfAjKHm1y3JI3soGAMQ0iZS7Ia26HJC4THL6FKnXOQPWN3vI2GUfQjgaUN6Oer9N2Y1al4WgQXZDxrO5D1Is_7Zn9CNHbp7qKwZ_8TB-Swr0RD-M1Z_3tr2H0Wcvvnz54PWLIJ" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiERUsedEUWuSgdRiMOgwszacGQBmjIhu_3ytVQkAb_dofQvgdKwPlfAjKHm1y3JI3soGAMQ0iZS7Ia26HJC4THL6FKnXOQPWN3vI2GUfQjgaUN6Oer9N2Y1al4WgQXZDxrO5D1Is_7Zn9CNHbp7qKwZ_8TB-Swr0RD-M1Z_3tr2H0Wcvvnz54PWLIJ" width="400">
</a>
</div><div><br></div><div>O tédio afeta terrivelmente a nossa percepção das coisas. Tudo é motivo para desviar-se de um foco, ou um novo foco para desviar-se do anterior. Quem tem TDAH vai entender muito bem...</div><div><br></div><div>Acho que não dá nem pra chamar de montanha-russa; tá mais pra roda gigante mesmo: tenho foco, não tenho foco, foco aqui, foco ali...</div><div><br></div><div>E você nunca termina nada.</div><div><br></div><div>E nem é porque você não quer, não liga ou não se importa. É porque não dá mesmo... E o sofrimento é inevitável. Você sofre com o julgamento alheio, com as acusações, os dedos apontados agressivamente, ignorando seus sentimentos, seu ânimo, suas disposições e indisposições. </div><div><br></div><div>Às vezes você só gostaria de ser capaz de segurar o leme e manter o rumo da embarcação. Um pouco de apoio e compreensão ajudaria bastante, né?</div><div><br></div><div>O que muitos não entendem é que um pouco já é suficiente. Uma palavra gentil fortalece o espírito abatido. Dá pra aliviar o sofrimento de um dia inteiro; até mais!</div><div><br></div><div>E o que dizer de um abraço? Pode até fazer milagres para quem perdeu o rumo e a esperança da vida!</div><div><br></div><div>Eu adoro abraços, mas sou incapaz de abraçar qualquer pessoa. Desconhecidos então, nem pensar! Passaria por insensível em qualquer lugar (viu? O julgamento alheio...). Mas é porque guardo as minhas energias para as pessoas que amo. Tenho um estoque específico para essas pessoas. Meu amor tem endereços certos, bem poucos.</div><div><br></div><div>Mas a gentileza costumo distribuir com a generosidade que à minha razão convém fazê-lo.</div><div><br></div><div>Sim... O tédio. A gente sofre por não ser capaz de se manter na linha. E não tem nada a ver com amar ou deixar de amar; de se importar ou deixar de se importar. Mas uma palavra ou um abraço sempre pode nos tirar daquela roda gigante e colocar nossos pés de volta no chão.</div><div><br></div><div>É tudo o que precisamos. E digo "nós" porque o tédio me leva para os lugares mais improváveis. E eu fico lá...</div><div><br></div><div>Acho que estou lá agora.</div>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-20013461121614695792023-04-19T01:58:00.000+02:002023-04-19T01:59:23.716+02:00O pequeno príncipe - por alecrides jahne<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhpM9GQEft4ChQMXSk5FBtGSkgWe1O9NFx1WeyBfShaB8Il6Y7SExr2UixG4OQcv-ntKjU_0un1OGrQmdvBEnuCvWSwocLBSMX8BbBajHhYNeJFy4WMUBnyCkNGj6IsA7pOttQiQTMFfYgjCQqv5nnacmFLhdcyTpBZLr_n4ZYR-xUcTIfx_UTDvjRS" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;">
<img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhpM9GQEft4ChQMXSk5FBtGSkgWe1O9NFx1WeyBfShaB8Il6Y7SExr2UixG4OQcv-ntKjU_0un1OGrQmdvBEnuCvWSwocLBSMX8BbBajHhYNeJFy4WMUBnyCkNGj6IsA7pOttQiQTMFfYgjCQqv5nnacmFLhdcyTpBZLr_n4ZYR-xUcTIfx_UTDvjRS" width="400">
</a>
</div><div><br></div><div>Soube que dia 18 era o aniversário de publicação dessa história que encantou o mundo inteiro e continua o seu trabalho de encantar, há 80 anos.</div><div><br></div><div>Tenho aqui diante de mim a versão alemã "Der Kleiner Prinz". Mas Antoine tem outro livro que é, de fato, meu preferido: "Terra dos Homens".</div><div><br></div><div>Só que hoje vou falar da aniversariante.</div><div><br></div><div>Olhando a imagem do menino deitado ao lado da rosa admirando o por-do-sol, senti um certo desconforto com a ideia de que o autor não pretendia criar uma história romântica sobre um garoto e sua rosa.</div><div><br></div><div>A começar pela coisa do chapéu.</div><div><br></div><div>Aquilo é claramente um menino que cresce se sentindo incompreendido, incapaz de se comunicar com as pessoas ao seu redor e, por isso, busca refúgio dentro de si mesmo. É aí que entra o planetinha, a rosa, os baobás e a necessidade de arranjar um carneiro.</div><div><br></div><div>Claro que é uma interpretação minha o que digo a seguir, então espero que compreendam.</div><div><br></div><div>Tendo uma noção de quem é o autor, da vida do Antoine, não creio estar muito distante do sentimento que sou capaz de compartilhar com ele: a solidão. O mundo é sim, enorme e semelhante a um deserto; cheio de perigos, de traições e tristezas. Mas também tem coisas bonitas que somos capazes de fruir mesmo quando a tristeza passa muito tempo latejando dentro da gente.</div><div><br></div><div>O pequeno, belo, ingênuo, inteligente e solitário garoto não é mais do que aquilo que está dentro, no mais profundo da nossa solitude. Como dizem por aí: no fundo, sempre seremos a criança do início das nossas vidas.</div><div><br></div><div>Para a minha costumo dizer: eu não vou te decepcionar - minha lealdade é com você e vou fazer de tudo pra te ver sorrir, ser feliz e te fazer forte.</div><div><br></div><div>E o planetinha? Ah, é o seu mundo interior, é claro. E o que vemos no mundo do pequeno garoto? Um grande vazio, preenchido por duas coisas: baobás e uma rosa.</div><div><br></div><div>Vamos por partes.</div><div><br></div><div>Os baobás são imensas árvores de tronco largo e com sombras resultando de tufos de galhos. São árvores africanas. E você se pergunta: por que essas árvores? O autor voou como piloto do correio francês. Deve ter se separado com alguma... Vai saber.</div><div><br></div><div>Mas o fato é que elas são tão grandes quanto os pensamentos que se impõem, aqueles dos quais somos incapazes de fugir. Tais como as preocupações da vida que ocupam as nossas mentes e nos sufocam. É aí que entra a necessidade do carneiro.</div><div><br></div><div>E o que seria essa criatura devoradora dentro da mente? </div><div><br></div><div>Todo mundo deveria ter um carneiro mental que devorasse todas as preocupações, os pensamentos ruins e aquilo que nos faz sucumbir em tristeza e desespero.</div><div><br></div><div>O carneiro é a solução para não sufocar.</div><div><br></div><div>Mas para conseguir um é preciso viajar, fazer uma longa jornada para fora de si, da sua mente e do seu lugar de seguranca emocional. O garoto precisou se arriscar. Ir em busca do remédio para aquilo que o afetava e que também era resultado da invasão do interior pelo mundo exterior. Afinal, era uma árvore africana! Não era dali, do seu planetinha.</div><div><br></div><div>Aí o garoto teve que deixar a sua rosa.</div><div><br></div><div>Afinal, e o que é a rosa?</div><div><br></div><div>Penso que seria a sua individualidade, aquilo que o fazia único, que cultivava dentro de si com amor e dedicação. Não tem nada a ver com amor romântico ou estar apaixonado.</div><div><br></div><div>A rosa é exigente e cheia de não me toques. E não é a nossa batalha diária lidar com nossas manias e chatices? É aquela vontade que brota e fica, aquele sonho que nasce e precisa ser cuidado, alimentado e protegido. É isso que nós faz companhia e alimenta a nossa vontade de viver.</div><div><br></div><div>Pra falar sobre os elementos externos teria que escrever outro texto; como a raposa, por exemplo, que para mim tem a ver com as pessoas que se tornam nossos amigos, os que nos apegamos, e aqueles que amamos.</div><div><br></div><div>E que irônico que seja uma raposa!</div><div><br></div><div><br></div>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-62969109345937426092023-04-09T19:12:00.001+02:002023-04-11T22:16:10.658+02:00Dissociações: "Nicht passiert" ou, nada acontece - por alecrides jahne<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikutKdOhwZjom5kNXftRCL7fu6HXEZl4NqzP_sIwAXH4TERpawfSrKghC0GJu-RK_XPOPSS7sHil5r1qmkAsjDOLABaIi1a0BVpQt0bOwRG8vyuFfzPCpM3qtGgdMFdHWXQGkhWUTpPjMvBmsueeJXaJsZ1VJTtqA07MFFEwX3K19rxXd0weMpZ0Cpkg/s1200/c%C3%A9u%20nublado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1118" data-original-width="1200" height="596" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikutKdOhwZjom5kNXftRCL7fu6HXEZl4NqzP_sIwAXH4TERpawfSrKghC0GJu-RK_XPOPSS7sHil5r1qmkAsjDOLABaIi1a0BVpQt0bOwRG8vyuFfzPCpM3qtGgdMFdHWXQGkhWUTpPjMvBmsueeJXaJsZ1VJTtqA07MFFEwX3K19rxXd0weMpZ0Cpkg/w640-h596/c%C3%A9u%20nublado.jpg" width="640" /></a></div><br /> <p></p><p><span style="font-family: courier;">A pior coisa do mundo é escrever quando se está triste. Tendemos a focar nas lembranças ruins, nas tragédias, nas palavras ásperas. A raiva incendeia o peito e as lágrimas apagam o incêndio... Em seguida, o vento frio da indiferença assola todo o espaço das lembranças e não conseguimos pensar em nada. A mente esvazia e parece que nunca mais haverá sons, risos, música, vozes...</span></p><p><span style="font-family: courier;">Tudo fica estático, num eterno cenário desolado de nuvens cinzentas e um deserto interminável. E a tristeza fica pequena demais diante do que somos incapazes de conter.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Não somos mais senhores de nós mesmos.</span></p><p><span style="font-family: courier;">A tristeza é como a luz opaca do início da noite, quando você começa a se perguntar se fez tudo o que tinha que fazer; e aí só quer ficar num canto, repassando a vida e esperando a noite chegar pra ter uma desculpa e ir pro quarto trancar a porta e se deitar no escuro, desejando que tudo suma quando fechar os olhos. A tristeza nos tira a vontade de enxergar.</span></p><p><span style="font-family: courier;">E você deseja não acordar mais...</span></p><p><span style="font-family: courier;">É muito difícil quando as coisas não são como você gostaria, não é mesmo? Mas quem garante que tudo seria melhor se fossem? "Conversa de perdedor", alguns dirão.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Nichts... O fato é que não tem mesmo como saber se as coisas que desejamos são melhores ou piores do que as que nos aconteceram. Costumamos depreciar os rumos indesejados que nossas vidas tomaram porque é mais fácil. Teríamos reconhecido o erro se as coisas fossem como planejamos, caso a vida se tornasse difícil por causa delas?</span></p><p><span style="font-family: courier;">Poucos reconhecerão que erraram, outros dirão que foi um erro e se lamentarão. E tem aqueles que jogam a toalha e desistem, dizendo para si mesmos: fiz o que pude.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Mas desejar, sonhar e tentar realizar tem mais a ver com cada etapa do que muitos imaginam.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Pense comigo: "o que é ter um sonho a longo prazo?"</span></p><p><span style="font-family: courier;">Por exemplo: "Daqui a dez anos estarei com uma família formada". E se, dez anos depois, você não estiver com uma família formada, mas no meio do caminho surgiram outros desejos e sonhos que perseguiu e realizou; ainda vai se culpar e lamentar por não ter formado a família que desejou dez anos antes?</span></p><p><span style="font-family: courier;">É razoável esse lamento? Essa talvez seja a pergunta premiada...</span></p><p><span style="font-family: courier;">Você realizou coisas importantes ou não? Afinal, o desejo nasceu na sua alma também.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Outra questão. Quais desejos são mais influenciados por outros e pelo seu entorno: aqueles que você alimentou na infância e adolescência, ou o que foi descobrindo ao longo da vida?</span></p><p><span style="font-family: courier;">Quanto de si mesmo você deixou pelo caminho e quanto descobriu?</span></p><p><span style="font-family: courier;">Acho que nesse ponto somos um pouco como plantas: as coisas vão nascendo dentro da gente porque elas têm que nascer e nós viemos para este mundo para acrescentar. Somos canais de transformação. Não somos meras "estruturas estruturadas estruturantes" como diz um certo sociólogo francês, chamado Pierre Bourdieu. As teorias fazem parte do esforço de compreensão dos problemas da vida, mas não podem ser entendidas como verdades imutáveis.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Somos portais. Recebemos do mundo e ressignificamos. É meio como disse Lavoisier: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". E, pelo visto, sonhos e desejos seguem a mesma linha... Só nos resta viver e nos adaptar.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Uma vez um terapeuta me indicou o seguinte exercício: escreva diariamente as coisas boas que acontecem com você. Tinha que fazer uma lista no meu diário. Devo admitir que fiquei surpresa com o resultado. Vocês deveriam tentar.</span></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p>Zeitgeisthttp://www.blogger.com/profile/11420730529579440099noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-71937252144322669582023-04-05T00:45:00.004+02:002023-04-09T18:39:55.124+02:00Dissociações: "Acordar pela manhã" - por alecrides jahne<p><span style="font-family: courier;">Acordar pela manhã, para mim, é como se alguém me dissesse: eis aí mais uma oportunidade para você; vai lá e vive!</span></p><p><span style="font-family: courier;">É bem isso: faça suas escolhas, alimente o seu corpo e a sua alma.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Não sei se as pessoas percebem o quanto as pequenas escolhas diárias sustentam as estruturas de suas vidas. Pare alguns segundos para refletir: o que vai encontrar durante o dia se acordar com raiva do que terá que fazer naquele dia? O que esperar, senão uma sequência de aborrecimentos?</span></p><p><span style="font-family: courier;">É que, caso você esteja predisposto a tristezas e aborrecimentos, como será capaz de enxergar as sutilezas com as quais as coisas boas costumam se manifestar?</span></p><p><span style="font-family: courier;">A grande maioria delas costuma passar desapercebida, acredite. Às vezes, são aqueles segundos em que seus olhos se deparam com uma bela lua resplandecente no céu. Excesso de romantismo? E o que você sente quando vê uma manifestação genuína de alegria em algum estranho? Uma risada espontânea, alguém cantarolando na rua ou respirando profundamente embaixo de uma árvore florida a fim de sorver o aroma?</span></p><p><span style="font-family: courier;">Estou sempre cantarolando na rua. Faz parte daquela coisa de aproveitar o trajeto... Já percebi olhares zombeteiros e outros sorridentes para minhas ações aleatórias - mas nunca despropositadas. É que, provocar em alguém um sorriso é sempre algo que alimenta a minha vontade de viver.</span></p><p><span style="font-family: courier;">E você? Quantas palavras boas já disse hoje?</span></p><p><span style="font-family: courier;">Teve alguma participação no sorriso de alguém neste dia? Acha que dá tempo de fazer algo depois de ler este texto?</span></p><p><span style="font-family: courier;">E disse algo bom para si mesmo hoje? É gentil consigo ou apenas com outros?</span></p><p><span style="font-family: courier;">As pessoas costumam se servir de gestos de gentileza para agradar aos outros. Há os que os utilizam para ter um bom conceito diante da sociedade na qual estão inseridos. Afinal, não é sempre bom ouvir de alguém: "Nossa, como você é gentil!", "Fulano te acha muito gentil", "Beltrano elogiou a sua gentileza". Qualquer um ficaria satisfeito consigo mesmo, gratificado pelo esforço para ser socialmente aceitável e mesmo agradável.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Mas isso é o que posso chamar de utilidade dos "gestos e atitudes gentis". Só que não era disso que eu estava falando anteriormente.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Existe, na forma como você se enxerga, como trata a si mesmo, alguma gentileza?</span></p><p><span style="font-family: courier;">As palavras que utiliza para fazer referência a si mesmo, para falar consigo, são palavras amáveis, compreensivas, alentadoras, animadoras?</span></p><p><span style="font-family: courier;">Você tem palavras de amor e alegria apenas para os outros?</span></p><p><span style="font-family: courier;">Penso que alguém que não se ama o bastante para olhar compreensivamente para dentro de si, para a pessoa que vê no espelho, não será capaz de amar verdadeiramente o outro, ou ser compreensivo com o outro.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Então você se obriga a coisas que não gostaria, a usar o que não lhe agrada, a estar em lugares que ofendem a sua alma apenas para não ser rude, ou para alimentar um status social que lhe arranca as entranhas?</span></p><p><span style="font-family: courier;">E por quê?</span></p><p><span style="font-family: courier;">Às vezes você até acredita que deseja aquilo porque tudo à sua volta te faz pensar que deseja ou que é bom. Então você fica. E fica. E fica. E vai morrendo aos poucos, acreditando que está vivendo...</span></p><p><span style="font-family: courier;">E como diz um poeta: "vai morrer e perceber que não viveu*.</span></p><p><span style="font-family: courier;">E eu tô aqui, embaixo das árvores, ouvindo os pássaros, o céu nublado e o vento fresco alimentando a minha alma. E tem quem ache que não estou vivendo...</span></p><p><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUG_9Nd-p3aFFVG2hZ9WPMblbHLtUHcKHBEF7i76xTHsJWrbDuKTOh0zykadstEdIi7FoWfzhvDRUh3iu01CW9oFcZB4Vygeun35yxZcLxNOMGdZ_pSrea2TWMkMmjKYaJwSFBEEaUdv53fdeCf7YSj24bcvjLrllQlBZ0U6-WQKawa-3tOI-tY4XsRg/s1080/imagem_consci%C3%AAncia.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1080" data-original-width="1080" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUG_9Nd-p3aFFVG2hZ9WPMblbHLtUHcKHBEF7i76xTHsJWrbDuKTOh0zykadstEdIi7FoWfzhvDRUh3iu01CW9oFcZB4Vygeun35yxZcLxNOMGdZ_pSrea2TWMkMmjKYaJwSFBEEaUdv53fdeCf7YSj24bcvjLrllQlBZ0U6-WQKawa-3tOI-tY4XsRg/w640-h640/imagem_consci%C3%AAncia.jpg" width="640" /></a></div><div style="text-align: right;">Imagem de Luca Franzi.</div><br /><p></p><p><span style="font-family: courier;">* Assista ao filme "Sociedade dos Poetas mortos", com Robin Williams.</span></p>Zeitgeisthttp://www.blogger.com/profile/11420730529579440099noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-7310465659937407272023-03-23T19:43:00.001+01:002023-03-23T19:43:11.028+01:00DISSOCIAÇÕES: "Metrô" - por alecrides jahne<p style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJpfiI16uZBcVMwWbWVgk-BuiIwDH-LEyupx4xgBZEmA3V6UWEvhN8x3q77ADgCJFGasNq1Op51SjdF6EERuXRwiSxL2gVnlGpsdXtEk0OSnamEUa7DkSkbeQ3pNo2Km5DtpqKAdp2OnU5qUhydfDvhuwgUkOea3ZwaeNlfOtiIfJ32JflbsaViU4p/s946/magneto.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="559" data-original-width="946" height="378" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJpfiI16uZBcVMwWbWVgk-BuiIwDH-LEyupx4xgBZEmA3V6UWEvhN8x3q77ADgCJFGasNq1Op51SjdF6EERuXRwiSxL2gVnlGpsdXtEk0OSnamEUa7DkSkbeQ3pNo2Km5DtpqKAdp2OnU5qUhydfDvhuwgUkOea3ZwaeNlfOtiIfJ32JflbsaViU4p/w640-h378/magneto.png" width="640" /></a></div><br /> <p></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Baskerville Old Face", serif; font-size: 16pt;">Sinto um cansaço absurdo, como se meu corpo
desintegrasse; como se todas as moléculas se dissociassem. Alguém poderia
afirmar, pelo aspecto do meu semblante, que estou frustrada e triste. Mais enganoso
impossível. Tive um dia fantástico. Eu fui fantástica.</span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Baskerville Old Face",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Aqui no metrô, sentada em meio a desconhecidos,
olhando para o jardim do lado de fora da estação, o céu nublado deixando a
noite ainda mais fria, estou vencendo os meus limites. Os limites emocionais
impostos pela vida, os limites físicos impostos pela idade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Baskerville Old Face",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Mas o que é o tempo? Esse que me engole as
entranhas?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Baskerville Old Face",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">É seu amigo ou inimigo, depende de como você se
relaciona com ele... Então é melhor fazer mais do que aceitar que os caminhos
se façam por si, como se fosse uma avalanche caindo sobre o seu destino.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Baskerville Old Face",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Nem as moléculas aceitam. Elas se conectam e
reconectam de acordo com o que lhes convém, encontram suas semelhantes, lhes
completam e definem seu destino. Vida, morte, refazimento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Baskerville Old Face",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">“A vida não é fácil” é o clichê mais concreto, a
substância mais homogênea das sensações de estar vivo. Não ser fácil, para
muitos, é sinônimo apenas de tristeza, frustração e meio mundo de coisas ruins.
Não ser fácil pode também significar que é algo bom. Significa que exige mais
dedicação, investimento (em vários aspectos), esforço, determinação, paixão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Baskerville Old Face",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">É não se desesperar pela dificuldade da busca. Deixar
os sentidos abertos para enxergar opções e saídas. Ser capaz de estranhamento
do ordinário. “Estranhamento” no sentido antropológico do termo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Baskerville Old Face",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">É possível que os sentidos se ampliem num estado
de extremo cansaço? É possível que o sol a pino sobre nossas cabeças ative o
nosso instinto de sobrevivência? Será daí que retiramos as últimas forças
capazes de nos fazer sobreviver quando tudo parece perdido?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Baskerville Old Face",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Mas aquilo que nos tira a alegria para viver pode
nos impulsionar para um plano elevado, refazer todos os parâmetros, toda a
substância e nos direcionar para encontrar a alegria e a força onde sequer imaginávamos;
ou quiçá estivéssemos conscientes de sua existência.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Baskerville Old Face",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;">Não é pelo prazer do discurso motivador que
escrevo, mas pelo estímulo do cansaço extremo que resgata em mim o desejo de
viver.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Baskerville Old Face",serif; font-size: 16.0pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Baskerville Old Face", serif; font-size: 16pt;"> </span></p>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-83913556354029017012022-08-28T22:13:00.005+02:002022-08-28T22:14:58.955+02:00"Anna Karenina" de Liev Tolstói - por alecrides jahne<p style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">Liev Nicolaevitch Tolstói (1828-1910) dispensa apresentações. O escritor russo é um dos maiores escritores de todos os tempos. Suas obras magistrais tratam de questões profundas da alma humana, como poucos escritores conseguiram fazer.</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">Mas há quem lhe faça críticas.</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">Textos longos, maçantes, etc, etc... Atire a primeira pedra quem nunca leu e gostou de algum romance com centenas de páginas cheias de descrições e discursos melosos e arrastados. AHAHAH!</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">Os fãs da Jane Austen que me critiquem. Nunca li os de Diana Gabaldon, autora de "Outlander", que conquistou milhões de fãs através da série da Netflix - eu mesma sou uma fã da série, mas não li os livros. Acompanhei algumas resenhas dos livros da autora feitos por youtubers (veja as indicações no final do comentário) e ouvi reclamações sobre as páginas arrastadas. Pois é... Não é apenas características de grandes clássicos da literatura. AHAHAHA!</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">Voltemos ao Tolstói. Sim, ele tem críticos. Um texto do escritor búlgaro Elias Canetti (1905-1994), Nobel de Literatura em 1981, é um exemplo. Curto e direto, escrito em 1971, Canetti alega que Tolstói coloca muito de seus valores morais nos seus textos (quem nunca? cadê os escritores independentes aí? AHAHAH). Não vejo problema algum nisso, até porque a literatura é uma fonte de pesquisa sobre a cultura. Enfim... Trata-se mais de uma reclamação pessoal do que uma crítica. O fato é que o texto do escritor búlgaro é recheado de elogios à pessoa do escritor russo.</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">Segundo Canetti, Tolstói terminou a vida passando por maus bocados. Sua mulher se apossou da sua obra e se tornou a sua editora - e era ávida por lucros. Somos propensos a julgá-la, mas se pensarmos bem, esse trabalho pode ter sido um grande impulsionador das publicações e divulgações. Outro ponto que achei interessante nos comentários é que Tolstói valorizava excessivamente a figura do camponês. De fato isso aparece em <i>Anna Karenina </i>(alguns escrevem Kariênina, que é a forma correta em russo)<i>, </i>na figura de Konstantin Dimitrich.</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">E agora, eu me queixo da história.</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">O livro traz como título o nome de Anna, mas ela nem de longe me pareceu ser a figura central. Não me importo se me xingarem por isso. O fato é que O romance de Kostia (Konstantin) e Kitty (Catharina) é quase tão central quanto o de Anna e Vronsky. E nem de longe estes tem o carisma daqueles. Passei a história inteira mais interessada em como Kostia se aproximaria de Kitty - pois eu tinha assistido ao filme (e por isso demorei a ler, pois queria esquecer um pouco as marcações do filme).</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p style="text-align: left;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-bgEVfsTdAJbR4UnJnje78Tsh5c9zCwNJaMnaU4IjWqzob0YRArghbVQ3dzJ4KmooBsKpWxBGqje0fCCBcNmbU3DcpvCXQfJPTLHz41u-ooTSiTXbFIDvN8SpEb-ED-B8EgPvTnwX4Baqq7_oPIW096MnIFia6-QEva-Sh5SLNqtvpR6TE6r7y5Ax/s264/aanaK.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="264" data-original-width="191" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-bgEVfsTdAJbR4UnJnje78Tsh5c9zCwNJaMnaU4IjWqzob0YRArghbVQ3dzJ4KmooBsKpWxBGqje0fCCBcNmbU3DcpvCXQfJPTLHz41u-ooTSiTXbFIDvN8SpEb-ED-B8EgPvTnwX4Baqq7_oPIW096MnIFia6-QEva-Sh5SLNqtvpR6TE6r7y5Ax/w289-h400/aanaK.jpg" width="289" /></a></div><br /><span style="font-family: courier;"><br /></span><p></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">Após o "grave acontecimento" na vida de Anna, ela praticamente some da história. O que vemos é Kostia resolvendo suas questões internas e sua vida com Kitty. Foi o que me fez questionar se Anna e Vronsky eram mesmo os principais. Até Kariênin recebe mais atenção que Vronsky. Talvez daí venha a minha simpatia por Kariênin...</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">É um grande clássico e de fato um romance que atravessa gerações. Quem gosta de histórias de amor, não pode se abster de conhecer esta.</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p style="text-align: left;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAiCEuFIoTthkotqNdrB5B9jmWEbhzRhLXYaNSFIQJMugXPxMDLCFVTcykLO_OuDJbzgAuQCjriEd_GjgXlpmjOdbTJmKmLcU2o1NV8mfdl3aVSY-jEJoJ8ZLrK68bczod520jS53igNAv9PSdGlKzy_BnasmpOPurDHhLJf_zP_MYPgFizBQ7qejO/s269/annaK2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="187" data-original-width="269" height="278" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAiCEuFIoTthkotqNdrB5B9jmWEbhzRhLXYaNSFIQJMugXPxMDLCFVTcykLO_OuDJbzgAuQCjriEd_GjgXlpmjOdbTJmKmLcU2o1NV8mfdl3aVSY-jEJoJ8ZLrK68bczod520jS53igNAv9PSdGlKzy_BnasmpOPurDHhLJf_zP_MYPgFizBQ7qejO/w400-h278/annaK2.jpg" width="400" /></a></div><p></p><blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px;"><p style="text-align: left;"></p><p style="text-align: center;">Imagem do filme: Vronsky e Kitty</p><p></p></blockquote><p style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">INDICAÇÕES:</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">- O texto de Elias Canetti está no livro "A consciência das Palavras", publicado pela Companhia das Letras.</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;"><a href="https://www.youtube.com/watch?v=K1GOKroduPQ" target="_blank">Vlog resenhas Outlander - Adriana Bizuti</a><br /></span></p><p style="text-align: left;"><a href="https://www.youtube.com/watch?v=NgjLqmfyB1k" target="_blank"><span style="font-family: courier;">Vlog resenhas Anna Karenina - Tatiana Feltrin</span></a><br /></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;"> </span></p>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-91953767340629498302022-08-10T03:00:00.001+02:002022-08-10T03:03:49.146+02:00Últimos lançamentos<blockquote style="border: none; margin: 0px 0px 0px 40px; padding: 0px;"><p style="text-align: left;"><span style="font-family: courier;">Os dois e-books foram publicados no Kindle Direct Publishing - KDP. Você pode encontrá-los e acompanhar promoções <a href="https://linktr.ee/alejahne" target="_blank">neste link aqui.</a></span></p></blockquote><p> </p><p><span style="font-family: courier;"><b><span style="font-size: large;">GRACE AUGUST</span></b> é uma proposta em primeira pessoa. Escrito como uma espécie de desabafo, a personagem Grace apresenta um pouco da sua vida, as frustrações, traumas, tristezas e dificuldades que enfrentou. Apesar de termos a mesma profissão, não é uma autobiografia, mas uma colcha costurada com retalhos que colecionei aqui e ali. Sempre fui uma boa ouvinte - adoro histórias! - e me tornei uma espécie de repositório, AhAhAh! </span><span style="font-family: courier;">E qual escritor não é? AhAhAh.</span></p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBg8zkWR3Rz9wUvm0p3T1WTCpvXLVNBKMRAcJT_EuJga--l2oAtbVP_rYTnMycroTvTZZ-l2i228Mzz9yUv6FB8fIwE8ZJBLFIMvb6jJRCuo10E9LXFg3WTw2FIuj-7Cee21nhfcbmmmTBv99gVHLfCoEhCKjMicTxNTgswNE49sOn2otCt4geUaXC/s1278/grace%20august_sinopse.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="708" data-original-width="1278" height="221" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBg8zkWR3Rz9wUvm0p3T1WTCpvXLVNBKMRAcJT_EuJga--l2oAtbVP_rYTnMycroTvTZZ-l2i228Mzz9yUv6FB8fIwE8ZJBLFIMvb6jJRCuo10E9LXFg3WTw2FIuj-7Cee21nhfcbmmmTBv99gVHLfCoEhCKjMicTxNTgswNE49sOn2otCt4geUaXC/w400-h221/grace%20august_sinopse.png" width="400" /></a></div><br /><span style="font-family: courier;"><br /></span><p></p><p><span style="font-family: courier;"><span style="font-size: large;"><b><br /></b></span></span></p><p><span style="font-family: courier;"><span style="font-size: large;"><b>HISTÓRIAS ESQUIZOFRÊNICAS</b></span> é um livro de contos. possui uma "pegada" mais <i>noir, </i>com horror psicológico. O tema que perpassa todas as histórias é a Esquizofrenia. Talvez seja um tanto estranho para alguns, mas é um dos assuntos na psicologia que gosto de ler e pretendo escrever mais histórias com esse tema. </span> </p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4DiQNIMzLr4KHdQk0jBlJKOauNYz5HDvslpCBhQvnzfxjSJBTqmpOp6S21d_eCLFF6j0xWZLq9hbNO7WQJhR9PUT4MVM__ESOFEdRtRLf9OAobkli3NiCGnL2ShaWYJPtv2TcyBMq04ajg7Z-Lpf5l8oA1o-r4uBGlTMmNQFaPpvrUJyU1VbzYYUj/s1280/promo%C3%A7%C3%B5es%20Esquizofr%C3%AAnicas_cartazes.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4DiQNIMzLr4KHdQk0jBlJKOauNYz5HDvslpCBhQvnzfxjSJBTqmpOp6S21d_eCLFF6j0xWZLq9hbNO7WQJhR9PUT4MVM__ESOFEdRtRLf9OAobkli3NiCGnL2ShaWYJPtv2TcyBMq04ajg7Z-Lpf5l8oA1o-r4uBGlTMmNQFaPpvrUJyU1VbzYYUj/w640-h360/promo%C3%A7%C3%B5es%20Esquizofr%C3%AAnicas_cartazes.png" width="640" /></a></div><br /><p><br /></p>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-13207026997920895672022-07-28T21:27:00.003+02:002022-07-28T21:28:09.944+02:00Apocalipse Zumbi - alecrides jahne<p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Os dias transcorriam frescos e tranquilos.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Meg
observava os pássaros com um sentimento de satisfação transbordante. As árvores
e flores enchiam seus olhos como se filtrassem toda a vida que ela conhecia das
ruas de uma cidade grande. Estar num sítio era, para ela, um oásis na
turbulência que se tornara sua vida nos últimos tempo. Era entrar no mundo dos
sonhos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Respirava o ar fresco pausadamente. Podia a sua
lenta apreciação alongar os segundos? Ou seria a consciência deles que os
faziam mais longos? Expirava o ar quente dos pulmões e inspirava o ar frio. O
céu estava coalhado de nuvens acinzentadas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Pássaros dançavam alegremente naquele fim de tarde.
Os últimos raios alaranjados sobressaíam às nuvens, pintando um quadro
psicodélico, porém, muito belo. A garota esticou-se na mureta do alpendre,
buscando profundidades no céu. O vento, calmo até então, agitou-se. Fazia
estranhos sons através das telhas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Meg apreciou a musicalidade agressiva.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Por alguns minutos – ou teria sido uma hora
inteira? – ela permaneceu ali. Mas, o tempo não parou, como desejava. Anoiteceu
rapidamente. O relógio marcava seis horas. Ela se levantou a contragosto e foi
até a porta, com os pensamentos no jantar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Um estrondo a deixou paralisada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Olhou para trás e tudo entre as árvores pareceu
quieto. O som retornou alongado e potente, em cadências graves e roucas.
Parecia uma mistura de uivos e gritos de dor. Ela sentiu um estremecimento
atravessar todo o seu corpo e impulsioná-la para a porta. Já do lado de dentro,
respirando com sofreguidão, o suor lhe caía pelo rosto e percorria seu corpo
arrepiado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Entretanto, ao aguçar os ouvidos, o som tinha se
extinguido e tudo que ela ouvia era sua respiração histérica. Não podia
compreender aquilo. Trancou todas as portas e janelas, encostando os móveis
para que ninguém pudesse invadir a casa. Mas, isso não a acalmou o suficiente e
não conseguiu pregar os olhos durante a noite.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Os primeiros raios de sol entrevam por baixo da
porta quando ela sentiu as pálpebras pesarem. O galo cantou como todos os dias,
como se nada tivesse acontecido. Meg se espreguiçou e pensou que tudo aquilo
não era mais do que um pesadelo. Tinha que ser um pesadelo. Sentiu uma calma
fresca, como o orvalho da linda manhã que se anunciava.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">- Bom, então... Vamos à labuta do dia!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Tinha programado uma limpeza na casa. Começou pelo
chão da sala, passando para a cozinha e a varanda. Cantava alegremente e os
pássaros pareciam responder do cume das mangueiras e árvores de ciriguela. O
sr. João apareceu para deixar as frutas e o frango assado que ela tinha
encomendado no dia anterior. Não era dia de cozinhar, mas de limpar – pensava,
já se deliciando com a refeição, ali mesmo, na varanda.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Estar sozinha no sítio era prazeroso não apenas
pela mata, os pássaros e a brisa fresca, mas, também, pelo prazer da solidão.
Meg precisava daquele tempo para pensar na vida. Era uma vida complicada, cheia
de tarefas que ela às vezes se cansava e queria ter alguém para dividir. Na
última vez em que fez uma viagem, lamentou não ter com quem compartilhar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">“Como seria morrer e não ter ninguém para recordar
seu sorriso, o olhar, a implicâncias e zangas?” pensava, do fundo da sua
solidão – “Deve ser como pilotar um avião sozinho, ver paisagens lindas, mas,
serão imagens que ninguém levará na memória com você”, sentiu uma pontada de
tristeza. “E de que adianta viver, se ninguém vai estar lá para compartilhar
suas lembranças?”. Meg sentiu um aperto no peito. Tinha diante de si uma
verdade incontestável.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Balançou-se na rede com mais força, talvez para
sacudir para longe de si os pensamentos tristes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">O vento começou um uivo que logo se transformou em
um crescendo, que alternava com alguns minutos de silêncio. Parecia o que tinha
acontecido no dia anterior. Cansada demais do trabalho do dia para se ocupar do
vento, virou o rosto para o lado e sentiu o sono chegar. O que não durou mais
do que meia hora. Gritos ressoaram e Meg saltou da rede alarmada. Sem para
pensar, saltou da rede entrou na casa aos pulos, batendo a porta atrás de si.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">- É um apocalipse zumbi! Inferno! – E começou a
gritar descontrolada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Os sons horrorosos diminuíram e pausando, aqui e
ali. Ela respirou, aliviada, e sentou-se no chão, próximo da porta. O suor na
testa era frio, suas mãos estavam frias. Não demorou para que recomeçassem,
cada vez mais fortes. O vento juntou-se àquela sinfonia louca e uivava. Pelas
frestas da janela da sala, Meg observou que nuvens cor de chumbo arrastavam-se
no horizonte. O vento estava gelado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">- Mas, o que está acontecendo?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Os pássaros faziam uma revoada estranha, desconexa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">- Não é possível! Não vou suportar mais dias como
esse!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Os olhos de Meg estavam injetados, vermelhos como
se tivesse sofrido um derrame ocular. A tez pálida, as faces se contorciam. Ela
continuou a observar o lado de fora através das persianas, numa janela lateral
da casa. Viu o que parecia ser uma aurora boreal. Uma olhadela no relógio a
deixou espantada:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">- São quase oito da noite! Por que o céu está tão
louco?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">A sua maior preocupação, no entanto, era com os
sonso horríveis que pareciam ecoar em meio as árvores. Era como um apocalipse
zumbi, pensava ela – ou tudo seria coisa de sua cabeça? Parecia uma ópera
enlouquecida, onde tudo converge para um final estarrecedor. Meg tremia. Seus
pensamentos vacilaram. Sombras pareciam se mover nos sons e movimentos das
árvores. Ela sentia o suor escorrer pelas têmporas e por todo o couro cabeludo.
Um frio na nuca a fez estremecer convulsivamente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Então, ela o viu... Ele estava ali, o senhor
González!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Mas, ele havia morrido há décadas! Foi encontrado
morto sozinho em casa, estirado no chão da cozinha com os olhos esbugalhados,
uma expressão de dor horrível e uma faca na mão. Estava morto havia tanto tempo
que foi preciso quebrar os braços para colocar o corpo dentro do caixão.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">“Mas como?”, pensava Meg, sacudindo a cabeça para
espantar para longe aquela imagem e recobrar a lucidez.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">“Devo estar com febre”, pensou, enquanto apalpava
os braços em busca de uma constatação. Quentes. Entretanto, o corpo suava frio
e já tinha encharcado a sua blusa de algodão. Pensou em trocar de blusa, mas
tinha medo de que aquelas sombras se materializassem, assim que ela saísse do seu
posto de vigia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Puxou a manta do sofá e se enrolou. Passou as
costas das mãos nos olhos e tentou distinguir aquele amontoado de sombras.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">“Dona Nilza!”, Meg soltou um grito. Sentiu os
músculos enrijecerem. “A velha coordenadora da escola da minha infância”,
gemeu. Aquilo não fazia sentido...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Tentou distinguir mais alguém, mas as sombras não
se aproximavam. Pareciam esperar uma ordem. Ela resolveu pegar o termômetro do
outro lado da sala; estava em uma gaveta da escrivaninha. Precisava ser rápida,
para voltar logo ao posto de observação, sem que os zumbis dessem por sua
falta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">- Zumbis! Sombras do inferno! – murmurava
entredentes.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Ela já estava convicta de que o mundo tinha sido
vítima de uma pestilência apocalíptica. Preparou-se para correr. Respirou
fundo. “Três segundos”, pensou, “já!”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Tropeçou nas pontas da manta. A cabeça foi ao
encontro da quina de uma mesa e ela desmaiou.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Os bem-te-vis cantavam sua ameaça de forma tão bela
que Meg não conseguia se lembrar onde estava. “Bem-te-vi!”, era só o que ela
conseguia entender, enquanto se perguntava o que ela teria feito para que sua
cabeça estivesse tão pesada e dolorida.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Era manhã, ela podia sentir o vento fresco que
entrava pelas persianas. “Bem-te-vi!”, quantos seriam? Eles cantavam suas
ameaças cada vez mais alto. Passando as mãos pela cabeça, ela percebeu que
havia sangue. Tentou levantar, mas, sentiu uma tontura muito forte. Ficou ali,
sentada, lembrando da dona Nilza e do senhor González.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Por que se lembrava deles?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Fechou os olhos devagar e pode ver os flashes da
noite passada. Aquilo não podia, não tinha como ser real. Segurou-se nos móveis
e conseguiu se levantar. A tontura voltou e ela permaneceu ali por mais uns
dois minutos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">- Zumbis... – riu-se – zumbis... E eu nem havia
tomado uma gota de vodka!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Riu mais alto. Em pouco tempo estava às
gargalhadas. Sentiu a cabeça latejar e parou de rir.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">- Ainda por cima ganhei um machucado... Ai...<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Ela foi para a cozinha caminhando devagar. Pensava
nas providências necessárias para acabar com aquela palhaçada de delírio.
Colocou a cabeça embaixo da torneira, de onde escorria um leve fio de água, e
ficou observando o sangue se juntar a ela e ficar semelhante a suco de morango.
Essa imagem a fez sorrir.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">O vento bateu na janela da cozinha e despertou mais
uma vez o medo que parecia ter começado a se dissipar na água da pia. Ela
fechou a torneira a tempo de ouvir a janela da sala bater. Ou teria sido a
porta? Meg agora lutava contra a tontura e as pernas trêmulas. Levantou a
cabeça e se virou para ir até a sala.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Ela soltou um grito.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">A imagem apagada do senhor González estava em pé,
na soleira da porta, com uma faca na mão e olhando-a fixamente. A garota sentiu
a visão escurecer. Tudo era confuso, turvo como o fundo enlameado de um rio.
Começou a chorar. As lágrimas cobriram suas pupilas como um véu e o espectro
desapareceu.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">- Estou enlouquecendo! Só posso estar
enlouquecendo!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">A essa altura ela já tremia dos pés à cabeça. Os
cabelos molhados encharcavam a roupa, enquanto ela levantava as mãos trêmulas e
gritava:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">- Eu não matei aquela velha! Eu odiava aquela
velha, mas não fui eu! Não fui eu! Quando entrei no refeitório ela já estava no
chão!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Ela gritava para que os espectros a escutassem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">- E sim! Zombei do senhor González porque ele era
um rabugento! Um velho desmiolado e rabugento que todos odiavam! Zombei, zombei
mesmo! Ah-ah-ah!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Ela gargalhava histericamente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">- Querem que eu me mate? Eu não vou me matar! Estão
me ouvindo? Vão para o inferno! Para o inferno!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Ela tremia e gritava com todas as forças. Os sons
estranhos recomeçavam e Meg foi invadida por uma onda de terror. E correu.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">O piso da cozinha estava molhado e ela escorregou
na segunda passada. A cabeça foi direto ao chão, como uma melancia gigante que
cai e racha de uma vez.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">E tudo ficou em silêncio novamente.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiM1tvvcuOIK9XCQYV3sNxzLa-RI3vw6fgU9U7lGcPfF_Ar0BJJkRzOfQTCdiU7gzdesca9d4uHC4i7VJ4pE9iV5YF3i-v4ku4KFzKYFe1FNIQ1kFb__t7W3uxgaY0IW-evoszsu2V6MbvAqCrrbsWjMQLWpFOIxfKvFjkwl3-GijDhgMJ7B_ImyEU/s300/thriller_michael.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="168" data-original-width="300" height="224" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiM1tvvcuOIK9XCQYV3sNxzLa-RI3vw6fgU9U7lGcPfF_Ar0BJJkRzOfQTCdiU7gzdesca9d4uHC4i7VJ4pE9iV5YF3i-v4ku4KFzKYFe1FNIQ1kFb__t7W3uxgaY0IW-evoszsu2V6MbvAqCrrbsWjMQLWpFOIxfKvFjkwl3-GijDhgMJ7B_ImyEU/w400-h224/thriller_michael.jpg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">michael jackson zumbi 😈😈</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: right;"><a href="https://linktr.ee/alejahne" target="_blank">Alecrides Jahne nas redes sociais</a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><span style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;"><br /></span><p></p><br /><p></p>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-2113451766599677052022-01-01T02:10:00.002+01:002022-01-01T02:10:09.443+01:00"O caso Sonderberg" de Elie Wiesel - por alecrides jahne<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Eu não poderia encerrar o ano com leitura melhor. Toda a leitura é permeada por reflexões profundas. É um belo livro, um texto para pessoas que não têm medo de olhar para dentro de si.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">É uma história sobre um julgamento? Não exatamente. O narrador é ao mesmo tempo um observador e um protagonista. Isso me deixou confusa no começo, mas me dei conta de que se tratavam da mesma pessoa. É a impressão que tive, talvez não seja a de outra pessoa.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Esse narrador entrelaça os acontecimentos de sua vida a uma cobertura jornalística que faz do julgamento de Werner Sonderberg. Este causa um desconforto no público ao alegar que era "inocente, porém, culpado". Ele é acusado de matar seu tio Hans Dunkelman. Ou teria sido um suicídio? Apenas no final, o rapaz conta para Yedidyah o que realmente aconteceu.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Quem já ouviu falar de Elie Wiesel sabe que ele é um sobrevivente do Holocausto. Esse é o segundo romance que leio dele, além de ter lido <i style="font-weight: bold;">A noite</i>, seu relato do que viveu nos campos de concentração nazistas, quando ainda era um adolescente. A profundidade da sua escrita é incomparável. Ele tem características peculiares que são encantadoras. É um excelente escritor.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Então, para não ser injusta com vocês e com o espírito de final de ano e grandes esperanças para o ano seguinte, vou deixar o trecho do livro que gostaria de compartilhar como mensagem para esse dia.</span></p><p style="text-align: right;"><span style="font-family: courier;">"O ser humano que vive no tempo conhece apenas um caminho: viver no presente consumindo todos os seus recursos, todas as suas forças. Fazer de cada dia uma fonte de graça, de cada hora uma realização, de cada piscar um convite à amizade. De cada sorriso uma promessa. Enquanto o pano não cair, tudo permanece possível. Em algum lugar da Terra, cada um atua em sua própria peça; ela faz chorar ou rir às gargalhadas um desconhecido aqui e outro acolá. O vínculo entre eles é a recompensa do poeta. A vida, um corredor entre dois abismos? É o que sugere um sábio. Mas então, para quê se obstinar? De uma maneira ou de outra, a eternidade está contida no instante que se esvai."</span></p><p style="text-align: right;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></p><p style="text-align: right;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjnzoxEUS9PWdh_jDbslR8sPYG0eSMSPoR7lFNklX4NKy0_YjOrm6mV7G-_Kv8OvNsSBWLTpCukud5TyUIzfxyKrghHv3MAe5LvJbS3rFMxhWBaX-Ej0ScIeqZpdWTIUM6BHtl7-3RfISly7LmX5_PMmv3_fjX2b5pHYTHDf9CZ1HMWxRDVCk-1XUnN=s1600" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjnzoxEUS9PWdh_jDbslR8sPYG0eSMSPoR7lFNklX4NKy0_YjOrm6mV7G-_Kv8OvNsSBWLTpCukud5TyUIzfxyKrghHv3MAe5LvJbS3rFMxhWBaX-Ej0ScIeqZpdWTIUM6BHtl7-3RfISly7LmX5_PMmv3_fjX2b5pHYTHDf9CZ1HMWxRDVCk-1XUnN=w300-h400" width="300" /></a></div><br /><span style="font-family: courier;"><br /></span><p></p>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-4329926950951719852021-11-27T19:25:00.003+01:002021-11-27T19:25:42.894+01:00"O professor" de Charlotte Brontë - por alecrides jahne<p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">E eu me vejo agoniada antes de terminar a leitura, ainda lá pelo capítulo 20, quando o professor admite para si mesmo que pensa em sua aluna.</span></p><p style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEazgh2B7Q5JpBdS7GWkFEWyUjdrPfNr5hLLAZwNazvcb2GhzMvU6po_hd88M7XBdzCeDgMHY5wE3sTFOxPJKtb2q8Ye5S9RxBfWZLg6PtbcDaRrDl00OZahlOhMlHXpnWYD3Xc4T62lQ/s1167/o+professor.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1167" data-original-width="919" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEazgh2B7Q5JpBdS7GWkFEWyUjdrPfNr5hLLAZwNazvcb2GhzMvU6po_hd88M7XBdzCeDgMHY5wE3sTFOxPJKtb2q8Ye5S9RxBfWZLg6PtbcDaRrDl00OZahlOhMlHXpnWYD3Xc4T62lQ/w315-h400/o+professor.jpg" width="315" /></a></div><br /><span style="font-family: courier;"><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Ah, claro... Vocês dirão: quem não se interessa por uma história de amor entre um professor e uma aluna? Coisa antiga. Ah, sim, antiga, e provavelmente bem mais antiga que esta história, que foi escrita antes de "Jane Eyre" (1847) e publicada em 1857. A publicação foi autorizada pelo viúvo, pois Charlotte já tinha falecido. Ele alegou que não era justo que os leitores fossem privados dessa obra.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Ainda bem, porque esse livro não deixou a desejar em nada. Só uma coisa achei estranho: ela fala que o professor era hipocondríaco, mas não dá muita atenção a essa questão. Foi muito <i>an passant</i>.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Fora isso, a história tem o tempero da autora - que pude experimentar na sua desenvoltura com a obra "Jane Eyre". Não existe um romantismo açucarado, mas não deixa de ser um romantismo intenso, contagiante e terrivelmente envolvente.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">William Crimsworth é um professor inglês que, por alguns percalços, vai para a Bélgica tentar uma vida nova. Recebe uma inesperada ajuda de um tal sr. Yorke Hunsden. É um nome estranho para um personagem que é pura pimenta dentro da narrativa. Ele é sem dúvidas o meu preferido. Cheio de tiradas ousadas e abusadas; um senso de humor extremamente divertido.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">O sr. Crimsworth encontra um trabalho como professor e uma escola de meninos e logo consegue uma vaga num <i>pensionnat de demoiselles. </i>É perseguido por uma diretora apaixonada, fica desiludido com a frivolidade e maldade das <i>demoiselles.</i></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Mas, a costureira que dava aulas para as meninas, uma moça sem graça (na sua descrição), de dezenove anos, desperta nele uma inclinação para a tirania.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Ah, claro, não tenho a intenção de dar denunciar todos os detalhes da história. A questão é que a descrição do romance entre os dois, professor e aluna, é bem diferente daquela bobageira açucarada "será que eu devo levantar meus olhos lentamente para chamar a sua atenção?". A mocinha não é uma coquete boba e, sim, uma garota forte, trabalhadora. Como todas as personagens que vi nas obras das irmãs Brontë: <a href="https://dialogoscomlivros.blogspot.com/2021/02/a-inquilina-de-wildfell-hall-de-anne.html" target="_blank">Anne Brontë</a> e <a href="https://dialogoscomlivros.blogspot.com/2020/10/o-morro-dos-ventos-uivantes-de-emily.html" target="_blank">Emily Brontë</a>.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">De fato, o que gostei mesmo, além da semelhança com "Villete" (segundo o viúvo, alguns trechos de "O professor" serviram de base para "Villete). E, de fato, algumas semelhanças são perceptíveis, como a forma como ela descreve o jardim, o fato do sr. Crimsworth sair por aí na cidade e outros pequenos detalhes.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">É uma história maravilhosa, emocionante e envolvente. Recomendo demais, caso você goste de romances que tenham vitalidade e inteligência. Desculpem os amantes da literatura contemporânea, mas, é esse estilo que me atrai.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;">Para ler os comentários de outras obras da Charlotte Brontë:</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><a href="https://dialogoscomlivros.blogspot.com/2020/09/villette-de-charlote-bronte-por.html" target="_blank">"Villete"</a><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><a href="https://dialogoscomlivros.blogspot.com/2013/01/jane-eyre-de-charlotte-bronte-por.html" target="_blank">"Jane Eyre"</a><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: courier;"><br /></span></p>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-26148141478005847222021-11-12T14:05:00.001+01:002021-11-12T14:05:05.369+01:00"Um conto de duas cidades" de Charles Dickens - por alecrides jahne<p><span style="font-family: courier;">A leitura deste livro parecia que não acabaria nunca...</span></p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYrJ4QzqvN2iPYk1Ed6atqpnEYwJJr2HR7PpGe9oevjrJbFtxGSbMoff47RfB-7fdcm9QIwpBGMKTEZtpTUlYsoRJj0eqcVOKC918GsTnFBzicJhFSggGOUNuCvsA0_SAPALSVLTmzv5g/s1600/um+conto+de+duas+cidades.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYrJ4QzqvN2iPYk1Ed6atqpnEYwJJr2HR7PpGe9oevjrJbFtxGSbMoff47RfB-7fdcm9QIwpBGMKTEZtpTUlYsoRJj0eqcVOKC918GsTnFBzicJhFSggGOUNuCvsA0_SAPALSVLTmzv5g/w300-h400/um+conto+de+duas+cidades.jpg" width="300" /></a></div><br /><span style="font-family: courier;"><br /></span><p></p><p><span style="font-family: courier;">Não imaginei que chamaria algum livro do Dickens de maçante, mas, foi assim que chamei este, durante os últimos sei lá quantos meses. Acho que desde agosto que estava pelejando com essa história.</span></p><p><span style="font-family: courier;">É uma boa narrativa, bem construída nos diálogos e o seu curto não se altera de forma drástica, como em <a href="https://dialogoscomlivros.blogspot.com/2021/08/a-velha-loja-de-curiosidades-de-charles.html" target="_blank">"A velha loja de curiosidades"</a> (tem também o comentário do <a href="https://dialogoscomlivros.blogspot.com/2021/09/a-velha-loja-de-curiosidades-charles.html" target="_blank">tomo 2</a>). O problema dessa história consiste, a meu ver, em como ele dá ao leitor os detalhes para que este se mantenha 'ligado' na narrativa. Essa foi a minha percepção, é provável que você não se sinta assim ao mergulhar nessa história...</span></p><p><span style="font-family: courier;">Ele já começa no meio de um acontecimento fortuito que se dá no meio da noite, deixando aquele clima de suspense ainda no começo. Depois entram os personagens principais que são apresentados, também de forma misteriosa. Há um intervalo de 'vida normal' para esses personagens, enquanto os outros fios da narrativa são desvencilhados para o leitor.</span></p><p><span style="font-family: courier;">E é aí que vejo um entrave. Alguns detalhes são manifestos apenas próximo ao final, o que teria dado ao leitor uma sensação maior de domínio dos acontecimentos.</span></p><p><span style="font-family: courier;">A história é contextualizada na Revolução Francesa. Isso mesmo! É um excelente livro para ser indicado em aulas de Sociologia - dá pra fazer uma boa discussão interdisciplinar aqui, com literatura, História e Sociologia. Super indico para os professores de Sociologia. <i>Bitte</i>, indiquem para seus pupilos.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Dickens é um excelente crítico da sociedade da época. Ele <i>sempre</i> vale a pena, quando se trata de uma boa leitura para conhecimento das questões sociais da época.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Em alguns capítulos assistimos à queda da Bastilha. Um dos personagens, o doutor Manette, foi um prisioneiro daquele inferno. E por isso, é admirado pelos revolucionários. E sim, o texto traz críticas, especialmente ao uso da Guilhotina. Dickens insere detalhes sobre a percepção dos ingleses em relação a revolução e de uma forma bastante interessante - ao meu paladar sociológico. Ahahah!</span></p><p><span style="font-family: courier;">Um personagem que me chamou muita atenção foi o tal do Sidney Carton. A trajetória dele na história é um tanto difusa, porque ele sempre parece ser um coadjuvante de terceira importância, mas, no final, Dickens dá a ele um protagonista que o leitor nem desconfia quando ele aparece lá como um cara taciturno e mau humorado, calado pelos cantos como se não fosse ninguém. Ele foi muito mais interessante do que Charles Darnay, o pivô de meio mundo das confusões da narrativa.</span></p><p><span style="font-family: courier;">Enfim, por que disse que foi maçante, se gostei da história? Simplesmente pelo que disse sobre os detalhes que foram escondidos veementemente e apenas declarados próximo ao final da história. Eu não suportava os detalhes das cenas presentes ignorando os fatos importantes... Ahahaha!</span></p><p><span style="font-family: courier;">Outros comentários de obras de Charles Dickens, aqui no blog Diálogos:</span></p><p><span style="font-family: courier;"><a href="https://dialogoscomlivros.blogspot.com/2021/05/david-copperfield-de-charles-dickens.html" target="_blank">"David Copperfield"</a><br /></span></p><p><a href="https://dialogoscomlivros.blogspot.com/2021/03/tempos-dificeis-de-charles-dickens-por.html" target="_blank">"Tempos difíceis"</a><br /></p><p><a href="https://dialogoscomlivros.blogspot.com/2021/02/oliver-twist-de-charles-dickens-por.html" target="_blank">"Oliver Twist"</a><br /></p><p><a href="https://dialogoscomlivros.blogspot.com/2021/02/grandes-esperancas-de-charles-dickens.html" target="_blank">"Grandes Esperanças"</a><br /></p>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3331610649610354370.post-74951811124908822812021-11-11T23:38:00.001+01:002021-11-11T23:38:38.048+01:00"Ayako" de Osamu Tezuka - por alecrides jahne<span style="font-family: courier;">Mais um para a minha lista de mangás.</span><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3YKTCm2JEDmEiyzQCD52dl9n3iv57NVeBxSOs_ZKmXEcaLFv18KYwUvPVBi0VXXEBA5LmN_hVnQZucBIUlkvTt68WxCo6SfitgkUwIvLE-LpuvrJ-CudVhCGlrGOKXsGgQb4LMjbuAo4/s1599/ayako.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1599" data-original-width="899" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3YKTCm2JEDmEiyzQCD52dl9n3iv57NVeBxSOs_ZKmXEcaLFv18KYwUvPVBi0VXXEBA5LmN_hVnQZucBIUlkvTt68WxCo6SfitgkUwIvLE-LpuvrJ-CudVhCGlrGOKXsGgQb4LMjbuAo4/w225-h400/ayako.jpg" width="225" /></a></div><br /><span style="font-family: courier;"><br /></span><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;">Não tinha qualquer expectativa sobre a história, embora já tenha lido algumas coisas do Tezuka - poucas, mas li. O autor é um clássico mangaká e adaptou várias histórias da literatura ocidental para o mangá.</span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;">Ayako é uma de suas obras para adultos. Não recomendo para adolescentes até os 14 anos. Vou explicar o porquê.</span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;">A história tem características muito específicas do contexto cultural, social e político do Japão na época que não seriam muito "compreensíveis" hoje - para dizer o mínimo.</span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;"><b>Aviso de Spoiler.</b></span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;">Ayako é uma menina de uma família interiorana tradicional japonesa, "uma família de 300 anos", ela é criada naquele ambiente como filha do chefe da família. Entretanto, é, na verdade, filha do chefe da família com a nora. Isso porque o filho vendeu a esposa para garantir que seria o único herdeiro do pai. Isso mesmo: ele vendeu uma noite e Sakuemon não se conforma, passando a abusar da nora frequentemente - ameaçando não entregar a herança.</span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;">Essa mesma menina é depois trancafiada em um porão por 23 anos, é violentada pelo irmão, e pensa que é uma coisa boa que acontece com ela - sim, a inocência a impediu de perceber o abuso. Sofre diversas tentativas de abuso em outras ocasiões. Ayako é tão inocente sobre os seus instintos e sentimentos que ela simplesmente tira a roupa e se joga em cima de outro irmão dela e, por sentir que gosta dele, acha que deve fazer sexo.</span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;">Tudo o que se refere a essa menina é uma coisa horrível; monstruosa mesmo. Fora os assassinatos e outras brutalidades, fiquei impressionada em como o autor conseguiu colocar isso na história mantendo o padrão literário e artístico. Digo isso porque não observei nenhum traço no desenho que indicasse julgamento moral sobre as questões ali tratadas.</span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;">Entretanto, a chuva me pareceu um aspecto importante nesse sentido. Não entendi se ela indicava tristeza ou poderia ter alguma outra interpretação, algo como no sentido de "apagar" algo da história - algo que o autor fala em alguns ponto. Por exemplo: ele diz que Ayako foi apagada da memória da comunidade. A chuva apaga o sangue dos assassinatos nos trilho; chove em momentos cruciais da história. Isso me chamou a atenção, mas não entendi, como disse, se tinha algum sentido específico; embora possa ser apenas características do clima local. Não sei mesmo...</span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjflpwXXh5Pip7VXzsoZubdmBxoGekH-F5q-ScsATrrNips1_bPqzjsOvydoX4AOOQLv_EHKJcAYL4GjwnSzKtPKB_BNCyGd1K2kFHG_2DvMZvFP-fQyZRmHJuPJnYROxeWq7ysEhQWXMk/s1600/ayako2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjflpwXXh5Pip7VXzsoZubdmBxoGekH-F5q-ScsATrrNips1_bPqzjsOvydoX4AOOQLv_EHKJcAYL4GjwnSzKtPKB_BNCyGd1K2kFHG_2DvMZvFP-fQyZRmHJuPJnYROxeWq7ysEhQWXMk/w640-h480/ayako2.jpg" width="640" /></a></div><br /><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;">O que gostei mais na história - sim, foi possível gostar de alguma coisa - é a contextualização. A história ocorre após a segunda guerra mundial e é uma trama política onde ele fala sobre a influência norte-americana no Japão, as atividades militares de inteligência e as atividades do partido comunista. Foi muito instrutivo nesse aspecto.</span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;">Enfim, recomendo para adultos e para quem se interessa pelas questões históricas dessa época específica.</span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrQT6JCm2XCMZ4yBScKxRRopgey9xDo_E0_rwxZa5OmhuPEMzN6syqzGSwo1cb20BfqqRTtMBomAg4Af9wDjb-rpMc9QkgT_1hC0GgwY89-7diDBo6M0Z64aXDY97chyphenhyphenRJHB6m6q5E07s/s1600/ayako3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrQT6JCm2XCMZ4yBScKxRRopgey9xDo_E0_rwxZa5OmhuPEMzN6syqzGSwo1cb20BfqqRTtMBomAg4Af9wDjb-rpMc9QkgT_1hC0GgwY89-7diDBo6M0Z64aXDY97chyphenhyphenRJHB6m6q5E07s/w300-h400/ayako3.jpg" width="300" /></a></div><br /><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div><div><span style="font-family: courier;"><br /></span></div></div>Alecrides Jahnehttp://www.blogger.com/profile/16143946696438231250noreply@blogger.com0